sexta-feira, 30 de outubro de 2009

A Nudez do Nu



Nu um Olival cor de cinza
Nua a amargura,
Nua é minha loucura,
E só ela me cura.
Nus os passos inseguros,
Imprudentes,
Imaturos.

Nuas são as horas ,
Lentas,
Solenes,
Nuas, caem acumulando o passado...

Nua é miséria,
A violência,
Imprudência,
Nua, a serpente que hipnotiza uma fuga...

Nuas são as pedras,
Nuas as raizes,
A luz dos raios,
Nuas as maças,
Os piteirais,
Nuas, sensuais as Româs...

E só se vestem,
No mundo,
Envergonhados,
Os nus desabitados...


*foto retirada da net

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Amar! Amar!



Eu,
hei-de voar mais alto
que as estrelas,
Abraçar o mundo
com meus braços,
Rasgar infinitos
em amplas janelas...
Caminhar,
muito no Além dos espaços !

Perder-me em infìmos
e mágicos matagais,
Onde os lobos uivam
á noite gritos infernais !...
Sombras,
no verde dos olivais ,
Cantar dos teus olhos,
no gorjeio dos pardais !

Eu e Tu!
suspirando gritos! ...
(Vagas enamoradas)
flutuam ao som do vento .
Palácios e estrelas,
ao longe os infinitos!...
Juntos...
Sempre!
Em pensamento!...

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Cai Chuva na Minha Janela...



Olho pela janela no alto do meu quarto e penso nela, na chuva que cai lá fora baixinho e que inunda a minha janela, aquela mesma onde eu me sinto, onde por força de um breve olhar encosto as palavras ao meu pensar antes de escrever aquilo que no papel vou descrever.
Mas nem sempre chove naquela que é a minha janela, por vezes sobe nela a noite, deito-me com ela sem pensar no que procuro dizer, deito-me e olho para a minha janela a recordar quando desce a chuva por ela, onde por força de um breve olhar eu me deleito e encosto palavras ao pensamento antes de escrever no papel o que incomoda o sentimento.
A natureza o que tem de cruel tem de bela e eu tenho por habito ver crescer o tempo lá no alto do meu quarto atravez da minha janela onde me sento a escrever versos num imaginar, onde as palavras se passeam em silêncio a pensar, muito antes de se deitarem num ou outro papel onde mais tarde as irei escrever...
Mas hoje para minha surpresa chove baixinho lá fora,caí miudinha naquela janela que dentro de mim mora, caí com saudade e na saudade a mesma que me encosta ás palavras, muito antes de as pensar juntar ao pensar.
Há em mim uma magoa que paira á tona da água e eu escrevo hoje aqui e agora, cai chuva lá fora, cai chuva na minha janela...


*foto retirada da net

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Fantasias...



Em noites de muita paixão fui tua!
Cadência de soluços e de gritos.
Os teus braços... Infinitos!
Minha boca te beijou, nua ...
Fogueira a esbrasear que me consome...
De ti tenho sede... De ti tenho Fome!


Eu que por ti andei muitos caminhos.
Meu olhar, faminto, de amante!
Um dia vou crucificar-me nos espinhos.
Quando meus olhos forem, de novo, teu mirante...


Corpus unnis se desejam .
Hei-de dar-te esta boca,que é só minha!
Lábios de rosa te beijam...
No mesmo Luar que um dia te beijou....
Onde as minhas garras de poetisa, te prenderão...
Num longo mas apaixonante voo...

*foto retirada da net

Eu! Quem sou Eu!?



Quem sou ?
- Nem eu própria sei!...
Por entre a imensa planicie,
Já me procurei,
Nasci dor magoada...
Em luto permanente...
Não sinto ,
Não vejo o mundo como toda a gente!

Perco-me por um sentimento...
Perco-me em mim....
Vendavais submersos,
São meus no pensamento!...
Num cavalo as rimas,
Ecos meus, pedaços de confim...
Meus braços... noites ao vento...

Solidão, alma minha!
Poente de loucura!
Onde vagueio perdida,
Sácramente incompriendida!
Sou a que me persegue.
Num sentir profundo...
A que nasceu diferente,
De todo o mundo!...

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Cálice de Porto



Solto de corpo, forte trago posto a nu!...
Displicente,
Um cálice de Porto.
Aquele a quem não minto, onde o sentimento de mágoa é simplesmente um acto de esquecimento;
Esqueço quem sou, esqueço quem tu és e ambos esquecemos o que aqui estamos a fazer, fundes a minha ilusão, tornaste a ilusão, sendos meu vives a história como um dramaturgo que em mim adormeceu e sonha que está a viver o seu próprio final amargo e doce, sabendo que o fim inebriante, escorre devagar gole por gole pela garganta acariciado, submisso, envergonhado, absorto... meu cálice de Porto;
Mais que o melhor dos néctares, a minha boca seca num querer , num trago fundo, só pelo raro gosto do vicío, o teu cheiro, o teu sabor preciso de veludo na maciez que vem da boca, da somente minha siena e pálida embriaguez...



*foto retirada da net

Que Te Importam as Palavras?




Sabes,
Há momentos amargos, momentos de nos sufocar em silêncio ou numa revolta.
É impura toda mudez, a voz que se cala constantemente.
Recordo-me...
Da vastidão imensa, da firmeza que teus olhos em mim espelharam e em toda a tua modestia, quando, mais de uma vez, com a tua frieza perversa... O teu abnegado desamparo simplesmente me derrotou e me venceu...
As noites que sozinha passei, passadas e repassadas num enredo confuso e desesperativo, numa longa espera, uma interminavel esperança dificil...
A tua infinita mudez traçou meu destino, a mudez essa tua confidente, sempre povoada de sombras, incertezas...
Sempre estou aquem de ti, sempre além...
Que te interessa?
Amor?
Talvez... Hipótese de sonho.
Há um silêncio por ti imposto e noutro eu repouso.
Silêncios dissipados...
Os da liberdade do teu olhar aceso...


* foto retirada da net

Ode á minha Cidade



Portalegre ,
Onde o Vinho forte
perfuma as violetas...
Num grão de milho
o eco das noras,
Nos longes...
no passado...
noutras horas!...
E nos versos de amor
as saudades dos teus poetas...

Pairam andorinhas,
Pairam ao Rossio
num Plátano verde e agreste...
E o silêncio que poisa breve
nos teus antigos beirais,
Aquele que dá voz ao muro
num pedaço de Castelo...
E as Papoila rutilantes
dos teus já velhinhos aventais...

*foto retirada da net

Portalegre Minha Cidade

Portalegre minha cidade, aquela que o sol claro no Inverno por vezes entenebrece, nasceu um dia dentre Serras de xisto e granito, separados afloramentos de Quartzitos, entre densos coutos e olivais...
Numa beleza sem igual, em Portalegre minha cidade existem casas do tempo feudal com janelas cheias de sol nas vidraças, onde moram gentas boas e cheias de graças.
Portalegre é a cidade que me viu crescer, vi-me um dia em suas ruelas percorrer caminhos e trilhos , num momento divino quando elegantemente no seu porte fino despertou em mim a volunptuosa Sé...
Cidade Alentejana de mil requintes, airosa repleta de calçadas, primordiosas de muito saber, aquando percorridas naquelas tardes ardentes de Verão e se consegue sentir o coração das pedras a bater...
Bonitas frontarias, algumas de arcadas em granito, descendo a rua Direito até ao Jardim do Infinito...
Por minha bela cidade, um dia o Régio tal como eu se apaixonou, morou em ti e num dos teus belos solares habitou e para sempre seu Cristo lá nós deixou...
O verde dos teus campos é dominante, a Serra íngreme que rompe horizonte, por vezes tempestuosa, que nas noites quentes fica linda, toda luminosa...
Numa aguarela o criador em ti se debruçou, desceu a encosta e uma linda cidade é hoje pérolas que
Cristo um dia chorou...

A Nota Desprendida



A noite já dorme na planicíe encostada tal e qual o meu sonho de paz e esquecimento, junto ao luar sentei-me tristemente, trágica voz rouca do vento que passa por mim levando o meu inconsiente imortal...
Ermos os pensamentos que em mim se rasgaram, no teu mundo onde por vezes te desesperas, entre sombras e quebrantos, feitiços e encantos...
Sei, sim eu sei que teu coração se arma em valente numa humilde fé, numa esperança de sentir um reflexo da minha alma na tua...
Longo foi o tempo em que a cegueira ignorei e em ti acreditei, num tédio extremo, num viver que foi magoa e tu não sabes o quanto doí a certeza de um espiríto enublado... Só quem ama entende.
Atravessei o escuro, um mundo estranho, atravessei a dor e a magoa, aceitei o meu queixoso e incerto sentimento por entre formas da noite com quem por vezes ainda hoje falo.
Sei que não entendes, nem nunca entenderás o quanto por ti me engolfo ainda hoje no nocturno mundo...
Interrogo o infinito e choro na convulsa de um tormento saltando num soluço magoado e fundo...
Mas para além desse meu vacúo tenebroso existe a luz bela da vida, ampla que emerge a custo desse meu mundo morto mesmo quando o pensar me leva até ao absorto...
Vem a ilusão e quebra todo o meu vazio universal...
... e termina ali o meu pequeno ser e renasce num olhar toda uma suavidade natural...

* foto retirada da net