domingo, 27 de dezembro de 2009

Dezembro

Na escrita de uma mulher desvairada nevam letras descacadas e apresenta-se Dezembro...




Fecho os meus olhos nos dias, na minha janela. Roda o mundo lá fora em estranha ventania.
Cala-se o eco da cotovia. A tua ausencia é palavra anunciada.
Chegou a Invernia!
Papoila, de vermelho nu, dormes ao relento nesta frase desbotada.
Solidão, a minha que corre na lentidão afogada.
Zune... Zune... Zune...
Zune o vento na palavra seda que alumia a mão redonda, crispada.
O ar bruto das manhãs frias perfuram-me as arrefecidas internas.
Está frio no sopro das passadas. Nas palpebras das minhas pegadas, no sonho branco e severo das longas madrugadas.
Alentejo labareda, és agora, mais frio que os pés de uma pedra.
Há um poema que bate contra o vento. Os ees da chuva escorrem por detraz da cortina.
Está longe o silêncio da Primavera. A noite é tempo, uma dama gelada, branca como as palavras que requerem silêncio. Noite maga, vicío ou sono longo...