domingo, 27 de dezembro de 2009

Dezembro

Na escrita de uma mulher desvairada nevam letras descacadas e apresenta-se Dezembro...




Fecho os meus olhos nos dias, na minha janela. Roda o mundo lá fora em estranha ventania.
Cala-se o eco da cotovia. A tua ausencia é palavra anunciada.
Chegou a Invernia!
Papoila, de vermelho nu, dormes ao relento nesta frase desbotada.
Solidão, a minha que corre na lentidão afogada.
Zune... Zune... Zune...
Zune o vento na palavra seda que alumia a mão redonda, crispada.
O ar bruto das manhãs frias perfuram-me as arrefecidas internas.
Está frio no sopro das passadas. Nas palpebras das minhas pegadas, no sonho branco e severo das longas madrugadas.
Alentejo labareda, és agora, mais frio que os pés de uma pedra.
Há um poema que bate contra o vento. Os ees da chuva escorrem por detraz da cortina.
Está longe o silêncio da Primavera. A noite é tempo, uma dama gelada, branca como as palavras que requerem silêncio. Noite maga, vicío ou sono longo...

6 comentários:

Luis Ferreira disse...

Gostei muito de conhecer este blog... parabéns pela escrita e pelas palavras que aqui encontrei.

Luis

Diana Correia disse...

Estava tão envolvida no texto que fiquei com pena de chegar ao fim...
Gostei muito do que li, os meus parabéns.
Diana

Anónimo disse...

(Afinal, busquei o blog e deixei aqui o que seria para enviar no Luso)

Luísa, ou lá como te chamarão os que de ti se acercam.

Nem me atrevo a fazer disto um comentário a qualquer dos teus poemas que li hoje. Quer dizer, os meus poemas por ti escritos e que li hoje, porque, generosa, mos deste independentemente das questões de património intelectual.
Luísa, porra!
Que vontade me fica de garatujar palermices depois de te ler?
É, de facto, um roubo que me fizeste, na vontade e no umbigo.
E logo tu, geriatra, sabendo como sabes da falta que tal peça faz a humano, sobretudo se for macho.
Sou agnóstico mas não me importo de dizer “meu deus!”, que bem escreves, tu, claro, tu, Luísa, e não deus que acho nem escrever sabe. Ou se sabe, não é poeta.
Outra coisa que me leva à mensagem em vez do comentário aberto é a minha teimosia em recusar banalidades do tipo “que bem escreves poesia erótica, e tal…”
Erótica?
E que outra há, mesmo quando quem a escreve nem se aperceba?
Escrever poesia é ou não, buscar a outro, a outros, entrar-lhes na alma, conquistá-los pela emoção e pelo grito? Não é cheirar-te a pele na palavra que dizes, percorrer-te o corpo na comoção de um sentimento que te levanta e que te quebra?
Falo de poesia, claro, daquela que escreves com tesão e cheia de talento, não de versinhos que pululam por aí, cheios de amor e de dor, de mãe e de bem, de guitarra e de samarra, sem ofensa à ingenuidade de quem os escreve.
Talento.
É verdade que o que fazes é apenas juntar palavras e que as palavras existem todas por aí à mão de quem as queira pegar.
Mas porra, digo eu de novo porra! Eu bem tento e muito gostaria de saber juntá-las como tu para que quando adentro mulher o fizesse na exaltação do completo e não naquele sensação do quase, apenas.
Diz-me, se puderes como as encontras justas e certas no ritmo, na luz, na música que me entusiasma da maneira que me entusiasmaste.
E já te digo que quero continuar a ler-te porque ler-te é a confirmação de que afinal deus existe e que poesia é poesia.
Beijos
José Brás

Helder Faria disse...

Um poema conseguido, uma oportunidade de viagem pelo mundo das palavras oportunas e belas... parabens, esta fantastico!!

Helder Faria disse...

Um poema sem fim, oportunidade de felicidade. Descoberta de coisas novas, sempre, a cada leitura atenta. Parabens, esta magnifico!!

Anónimo disse...

Afinal. Luisa, contra aquilo que te disse antes, não quero ler-te nunca mais.
Recuso o duplo masoquismo, o de, pretenso escriba te invejar a arte e o de, homem e frustrado, te desejar mulher

José Brás

(mas não acredites nesta raiva de falar)