sábado, 27 de fevereiro de 2010

Poema Carburante




Aqui estou eu em silêncio entre o golpe e a translação, interrompida pela metáfora num sentido puramente enigmático, onde o olhar é pensamento.
Reflexos nos longos largos, nos sítios onde o ouvir soa no escuro quando se toca. Entoação.
Oblícula a vista em mim sentida da coisa de torso fechado. Luas vermelhas entre a boca e o ânus onde o nosso tesão fez laços. Entre o meu e o teu e o teu e o meu as chamas explodem.
Bafo no rosto , boca com boca numa frase cheia de àgua no doce acre na testa negra. Abafos lentos nos interiores transmitem as formas. Queimadas no olhar, em pensamento, no ar que interrompe e atravessa as menbranas no quarto. Negras as colinas dos teus braços, que me cortam a órbita, num consumir em pedaços.
A labialdade é gramática, entre o teu folego e a minha escrita se desbravam cavernas de fundo...

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Carta ao Meu Outono Magoado



Entre aquilo que eu sou e que eu quero, existe uma enorma distancia magoada.
Me lembro...
Que me lembras o secreto silêncio, uma alvorada e no entanto nada mais é inocente,
que o meu sorriso na vaidade de te imaginar...
Nada mais é convincente, quando o sol desponta na placidez dessa minha madrugada...
Deixei-te lá atraz, hirto no tempo num poema, numa rima clássica transcrito em muitas palavras, como se fosse possivel existirem palavras para te descrever .
Seria como te limitar, em mim tu és ilimitado e em cada momento és a minha eternidade...
Com mansa voz me iludo de tristeza, são iras que aos poucos em matam no gume da crueza.
E aqui estou dentro do tempo, ao tempo acorrentada , aqui estou eu sofredora e apaixonada á volta, onde me espia a decisão em momentos de fero embaraço e muita desilusão...

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Dentro de uma zona aberta pensa uma mão embriagada...




Eis duas cadeiras que ardiam nos seus lugares, rindo alto, tecendo-se dentro da minha ideia desvairada...
«...A razão louca, leve, de cor púrpura, reluzindo como uma alucinação que embriaga. Num lugar que transborda. Calcina. A fulguração enlaça-se no orgão macio, o espamo faz-se rodar. Sôfrego na sua potência cega de feixe orbital...»

*foto retirada da net

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

De Boca Bem Aberta



O fetiche envenena-me e alimenta tudo quanto me cega. Todas as palavras doem, quando abertas por fendas luminosas, onde os sexos se abrem, e se fecham de poro em poro. Comigo não é diferente.
É-me tão dificil por vezes poder gritar, com a boca toda dentro do remoinho cego, arrancado pelos meus dedos ao movimento centrífugo, do meu corpo inteiro.
O erotismo é o remoinho cego, onde a carne se entrelaça toda, de palavra em palavra, onde gozo sempre e me devoro ás vezes...

*foto retirada da net

Janeiro



Antes de ti o ano esgotou.
Se descoseram as folhas da Cerejeira e agora a neve será ou não um segredo nosso...
Doze são os sopros ardentes que te separam e abrem o teu infinito.
Em ti se medem os meus genitais girassóis, profundamente.
Longas estrelas te cercam entre os pólos que no meu sono me abismam. Janeiro real constelação. Gargula no meu passado, que dentro em mim se entranham as tuas memórias ancestrais, e que completam as meninges da fábula Cristã, ou pagã...
Beleza aspera soldada da tua àrvore, em circuitos, cegos, que nos queimam. Manobram pelos sóis ou pelo refluxo nos dias escuros. Maduros. Com a Invernia completamente perdida em tuas mãos.
Entras por mim como uma metáfora directa dinfundida através das transfusões das tuas potentes imagens.
Janeiro é poema ou astro que na noite se despe no meu mundo e se torna humano ou verdadeiro. Magnificência. Carnagem. Mármore.
Um retrocesso da escuridão entre centelhas altas, magnicencias relunzindo-me a boca. O meu rosto queima numa doce demência.
É nesta gradual loucura que agora me embalo e espero chegar a Fevereiro, lúcida.

Coitadas



Coito;
Onde a sensualidade se escoa.
Coitada;
Arte viva da paixão. O ouro do Deus sexo.
Nome mudo, o coito, que faz tremer o mundo em ardentes anais ou de aroma, nas camas.




Coito ardor, abismo, onde se cruzam os órgãos. Se desenrola, rola, onde o fogo nunca derrama o leite.
És tu a alicinação na minha memória. O nosso epicentro. Quilha no sentir. Que viva e quente, nos penetra o ser. Nos come no vir. Potencia infernal, na orla do nosso prazer. A cada pancada nossa uma vertigem se retira do teu astro cheio. Almíscar. A argila táctil. E fica assim ateando a minha escrita só pelo silêncio nu cercada. Põe a mão na noite e fica, não porque o desejamos, mas porque Deus deu às partes sexuais deliríos e furos naturais. Húmidos. Orvalhados. Janelas de força onde circula o odor de leite. Janelas opulentas, onde o pau arde na flora, e onde a flora irrompe a haste desordenada. Num poema...
Poesia é isto, um coito entre palavras, que se devoram entre vozes, fôlegos e orifícios, superlativos uns aos outros e uns nos outros...

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010