quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Incêndios


«Á beira de caminhos ingénuos, ateiam-se espaços, como girassóis, que nos ateiam á furia das nossas raizes, talvez invejosas de mim, porque em mim se encontram unidos poéticos incêncios.
Paixões osculam, devorantes, nas queimadas da vida onde a oculta seiva lateja, agil.
Onde a borboleta, num tesão, entusiasmado, geme volteando estonteamente as plantas, sofregas, que sorvem deslumbradas as poeiras ardentes e expansivas, atráz, em frente, á direita e a esquerda... da fina flor.Quente.
O vale é esteito e atraente, embora o desminta a nua realidade, lambuzada, pela amora,preta, minha, que sorve o silêncio esbraseado nu ambiente latejante. Abro-me toda a força da palavra incendiada, e do deslumbramento que me invade, nascem mil desvaneios, mil desejos...


[Nas minhas flores intímas, astros, a pairar constante existência perpétua, tu, a minha aventura, fogo no meu ver]

Na eriçada da memória, silvas, onde tão longe alcanso, o bafo que na relva queima , nu e frágil, que se quebra de repente, e á minha roda, existem cintilações e labaredas verdes.
A febre indecisa, que em coro por mim sobe, exitante, que se quebra no repante, como, numa queda a pique... e outra vez a subir... fluir... solene... majestosa... delicada e ao mesmo tempo ardilosamente tentadora. Calo-me. Cala-te. Cala-se tudo, tudo o que é convencional, ou falso, cala-se a nua natureza de comoção e assombro. A febre, é sempre a mesma. O apelo é o mesmo.
A minha vida é um incêndio.»

1 comentário:

São Rosas disse...

Podias atear uns fogos no nosso blog ;O)