segunda-feira, 7 de maio de 2012

Carta Erótica da Srª Poesia ao Pénis Astro

"Poesia é uma inteligência, empolgante, empolgada, viva na turbulência entornada, no [meu] nome transfigurado. Consanguíneo. Nos amplos quadris, onde se alojam Impérios, que, se laceram sobre a minha cabeça, inclusa e arremessada dentro da vulcanica névoa, pulsando, à distancia o teu rosto na minha carne implantado, que implora o exprimir das minhas cruas escarpas, no meu enlace maternal,... onde húmidos e escarlates, os lábios se desvaneiam num indefinido desejo oculto em nós.
O acto corre na paisagem, na personagem em ti explicita e obsessiva, num tumulto fundo, onde o meu poder te enche nas prosas que em mim tanto despes. Lívido. Na minha abertura interior. Onde te concentras, trémulo e seguro das labaredas que em ti ardem e nos afundam num tempo que não é de ninguém, porque a poesia é um nome largo, um astro que nos queima, nos perfura em jorros, as folhagens quentes. Transparentes na brasa. Em brasa. Que em nós geme, explodindo, geme, comprimidas, gemem numa manhâ infinita, renascente, geme e tudo se espalha num impulso longo e caído no tempo e nas coadas das palavras. Gemendo odores nominais. Limbos translúcidos. Seivas compactas. Um espigão negro que devora (nos) areas actuais, abraçado a uma pauta rápida, em areas reais, desdobradas no silêncio delirante, na pele. Da nossa pele, em figuras de estilo. Nos baixos ventres. Da pele. Transportos na gota, na vulva, onde escorrega, um êxtase horizontal, e a vida secreta de um poema...
O nosso!... (...)


Luisa Demétrio Raposo