sexta-feira, 21 de setembro de 2012

leopardas sílabas [manuscritas


" na escrita o supremo é imaginar…
“ sentir pupila a pupila, no marulhar dos dias esquecidos a beleza entre os sexos húmidos deitados no mar de leito. Sopranas, as bocas, seus hálitos vêem o fogo movido no inebriamento e se arrebatam-se uma una á outra, cosidas á força de mil labaredas.
Os fluidos acendem-se nos braços, entre os nós das carnes e o sangue faísca ao som de qualquer palavra leviana...
mente. Nos espelhos a imagens de duas linhas, paralelas em fulcro, no começo de um arremesso. As partes brilhando. Morrendo húmidas. Brilhando. A loucura soberana alangado todo os poros. Os sexos rugindo ecos. Em sitios dentro bebendo de leite e comendo-se na claridade que ainda não jorra.
Os olhos são, as portas dançando e se unindo. Abrindo os quatro céus ao cerne da libertação das polpas, quase quase maduras…
A vulva queima, no seio do seu terrível escuro onde o pénis bebe grandemente, bebedeiras, desforradas em insónias e trevas imediatas. A foda é a expansão aluada de um sangue em forma de falo que mergulha abruptamente no ritmo que tudo ilumina, e de quem dela bebe, se embriaga tal como o pénis bebedor…
O amargo queima a língua no vórtice da sua acidez fertil. Na languidez perfida. Na volúpia intuitiva do sexo. A teia fecha-se, desentranhando as plumagens. Na vulva as águas espraem-se selvagens entre as imagens e a constelação. O sexo sorve-as. Fundamente e arranca-as porque tudo nelas afoga-se inevitavelmente em fogo.”
O tempo é então selado nos lugares altos e se transforma em profundas crateras . Nu desejo e ali permanece infinitamente dentro. As coadas respiram, agora, rencostadas no papel, na minha página, aqui escrita, transcrita na mente, essa musa, a Deusa que em mim suspira na imovel branca folha de papel…"


Luisa Demétrio Raposo

1 comentário:

Unknown disse...

é sempre um prazer vir aki e te ler minha caríssima.bj