quarta-feira, 23 de janeiro de 2013


 
Era uma vez um rastro, mergulhando, vivo e quente. Era uma vez uma boca mulher na minha boca que entre o dedilhar ia comendo órbitas e gemidos.

"Os grifos nus ardem, aterrados e trémulos. O verbo é o barulho, no instante, em torno das palavras que não dizemos mas que em pontos paralelos sugamos.

A carne defronte com a defronte carne em braçadas se entrecruzam submarinas e eu renasço na tua boca, onde o mar se encurva e canta rouco, devorando-me na escrita que desenho entre a minha respiração narrativa, onde sinto o teu grande estuário e uma ponta acesa que me queima entre a boca e a vagina em floração. O gosto amarga raiando entre as madeixas, luzindo. Luzia álgebras nas lanhas lúbricas”

 Era uma vez uma vez e mais outra que se enche de águas quebradas e de um sangue quente que entra em mim, no grosso dos dedos, arduamente, e se esconde rápido ininterruptamente, recto e curvo numa só linha transpira e toca-me perdido na minha grande escrita que o devora, o imploro masturba-me, toca-me uma e outra vez era um vez até que a boca sôfrega apareça entre a roupa extensa e te desmanche em delírios brancos, por detrás das coxas em o lírios brancos que entre as ancas espertas que apertam e se infundam nos entras e saís encarnados onde a noite se exalta e a carne exposta neles se despe e veste num strip-tease obsidiado. Soberbo o sangue que me ama no meu mundo cheio de águas e cheio de regressos e onde delicadamente está deitada, indo o cio por todos os lados, pródigo.


Luisa Demétrio Raposo
in Cassiopeia e o Jardim Separado
 
 
«Scribo para foder ls cuntrafuortes de la miente, scribo la frema que s’upe de la lhegion perfunda i entra, rasgas todos ls rastros nas chamardielhas húmadas de l mundo. Fodo i scribo, ls caminos ardientes de l solstício de la madre que se ...manten sien paraige, a cada arrebento, las bocas retombos, ne ls sexos que tengo arrimados al cio, als beiços grandes, lhigando me las frases als gemeres ancumpletos de ls bientres que baláncian antre ls faroles, derruindo, biografies, sítios, i ls fuogos que le acértan d’andrento a las palabras peniales, spuostas, gordas, fálicas, i que cumpássian las fodas lhaboriosamente, que you gusto i que lhibértan l cuorpo de ls trilhos machos…»

luisa demétrio Raposo,
*tradução de Amadeu Ferreira para Mirandês

Quanto mais Hades m’ampurra mais m’antranho ne l Sol de l Sol, an sous dies anfíbios, de anarquie, ne ls zalhinhos adonde me bou a dezir.
L’auga debora me las selombras zlhumbradas ne l arco a que le chamo cielo. L aire, cuorbo, an mi ben a aparar. La chicha amar se abre nas raias de l cunflito delantreiro, nun buraco d’andrento, a que le chamo sangre mas que ye solo la forcada suidade. L silenço,...
maçcarilha, nun splicable, nas nubres huospedas de ls mius reflexos, nas abes ampremidas an fuolhas de eiodo, nas madrugadas que agarimo contra las nuites zambaraçadoras, nas fábulas i nas mies narcóticas frinchas, acarinadas i an outros buracos meiabiertos…
L retombo, la piçarra de l cheiro, i an beladas ls mius dedos abiertos ándan cumo las ilhas çfaiadas an çtroços cardíacos, na amploson lhemite de las milhas ne l peito sonhámbulo, cubierto de selombras i adonde la lhemnráncia caliente de l tou rostro que me girou, eilhi, adonde nun eisísten delúbios, mas solo afetos…

Quanto mais Hades me çfaç, mais you m’antranho ne l çpedaçar que you sou.

Luisa Demétrio Raposo
*tradução de Amadeu Ferreira para Mirandês

The red has thorns. The madness. Chasms in vent and i a blind hole taht opens and closes the poemas in range. Archote eroticism is present in me. Slowly climbs the red puff to violently pleasure runners who cohabite within, here!

Bring the sex on fingers and groin in flame, lighting and deleting as major lighthouses. I like the feel    in each of my fingers.

 

In Breath of things
Luisa demetrio raposo

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

a_______________VULVA


 
A vulva, é um banquete mamífero onde se desincorporam itinerários húmidos, entres e sais; desapertados ângulos que a penetram ainda febril, no entra das coxas, desertas.
A vagina é uma biblioteca, una, onde as línguas se auscultam e desla...çam em palavras suculentas que oscilam entre esse mundo turbulento. Seu suco nos absorve na reconciliação dos pulsares, nómadas, onde os Deuses se desintegram.
 
A vagina procria poesia nos seus roncos e espasmódicos sentidos, no seu crematório selvagem, sígnica, a vagina é uma arena onde todos morrem por fogo ou afogamento sobre as resinas transparentes que pausadamente ensaiam a desarrumação, o silêncio, na saqueadora abertura ou a abertura saqueadora que rasga o silêncio e nos consome na plenitude dos movimentos, nas suas imersões anais onde a palavra é o raio da transformação e configuração humana. Florestas pélvicas, fodas entre os centauros nervos, essa massas maduras que nos despenteiam, onde o cio geme e o pénis se assoma e onde a glande pele estala e se entala.
 
Ahhhhhhh!... E a língua fêmea!?
 
Suga as fuselagens a horizonte, nas viagens proxenetas que humidamente se atola no escarlate, nas profundidades, forquilhando sopros, e estendendo-se impaciente entre os lábios, grandes, respirando e esperando os néctares que se atraem e se abandonam infatigavelmente.
 
A vulva é uma governanta, comanda os ziguezagues torvelinos e ceifa as labaredas e seduz os amantes extenuados, quando se lançam entre hirsutas batalhas secretas, imitando o gorgolejar da vagina felina, e nela se descalçam e refulgem nas narrativas e colidem, colidem, colidem, desgovernados no incorrimento uterino, entre as visões orgásticas, totalmente embriagados permitindo óperas e pousios, mergulhos e absintos alucinados.
As fodas são um conhaque e a entrevista que dilacera as gargantas e os sexos em seus beirais pubianos, a volúpia de um manuscrito húmido, quente a exibir-se_____________Na, Vulva!

luisa demétrio raposo
in Cassiopeia e o Jardim Separado
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segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

neste texto____os poemas abrem as pernas



 
Nardo é o meu sentir na sua atmosfera, um incompreendido instante entre o rosto aberto, nas palavras quentes que se debatem entre o rosto subido de um corpo fundo.
Hipnótica a luz de um olhar aberto sobre um relato sem poros e sem pálpebras…

“A boca espera devagar os lábios. Os lábios escutam lentos o movimento molhado dentro do fogo que continuamente enlouquece e se senta no meio das florestas de carne a que chamo janelas. Os grandes lábios gemem e a boca que se abre, gr...
ita e se rasga em cima das minhas explosivas queimadas. No avesso. O sangue pula. Cego. Faminto. No desejo recamando as imagens. Aos golpes. Cego. Onde os ventres roncam entre as saídas, onde o pensamento dá nós aos buracos e ainda, onde o reflexo das mãos remexe as montanhas e todas as carnes desarrumadas; os poemas abrem as pernas; aberta, a minha vagina ás nuas viagens; nas duras palavras que transformam e endurecem o cio; que me enlouquece, penetrando pela folha de papel e saindo pelo meu, Eu, adentro.
Nossas bocas, duas aberturas cheias de línguas e um mundo interno de sais. O sol entornando os sexos e os aquecendo no escoar das húmidas torrentes difíceis. O limite cresce e se desabotoa, num erótico golpe, o ferrolho por onde tu me desejas cega na vertical”

in Cassiopeia e o Jardim Separado

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013


"Escrevo para foder os contrafortes da mente, escrevo a fêmea que submerge da legião profunda e entra, rasgas todos os encalços nas labaredas húmidas do mundo. Fodo e escrevo, os caminhos ardentes do solstício úterino que permanece ininterrupto, a cada eclodir , as bocas ressonâncias, nos sexos que possuo encostados ao cio, aos lábios grandes, ligando-me as frases aos gemeres incompletos dos ventres que balouçam entre os farois, demolindo, biografias, sítios, e os incêndios que alvejam de dentro das palavras peniais, expostas, grossas, fálicas, e que cadenciam as fodas laboriosamente, que eu amo e que me libertam o corpo dos trilhos machos…"

Luisa Demétrio Raposo
in Cassiopeia e o Jardim Separado

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

ao espelho. a Alma vê raizes. e o seu sopro pêlo





O mundo fere-me e eu, em demência imagino tantas vezes poder deixar a carne e alimentar-me somente nas minhas palavras, das palavras enquanto larvas. imagino-me a riscar o sangue, bravio, entre as mãos e o fogo, sonhando sonhando... transparente, avançando pela solidão imagino a minha loucura descoberta entre palpebras densas e negras, expelidas pelos circulos entre o sal e o sangue fundo dos troços na água a raiz que aprofunda as explosões abertas entre as ameias que na minha língua ocultam o fora da terra e que no meio da carne irrompe as noites no meu buraco inteiramente vivo”

luisa demétrio raposo