quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Os seios dela, anelantes disseminando-me a língua. Os seios dela, gumes, em copas escancaradas, as auréolas bárbaras, na língua que tremia e o mamilo lambiam, lá onde os dois cumes eram de leite e cheios de tempestades salgadas.  A cama, em cada poro, nela, os meus órgãos cresciam e as rotações bobeavam as duplas silhuetas, juntamente, secretamente nos sexos felinos crepitando-se, aveludadas, as virilhas repletas de tinteiros e de prosas em sanha gota a gota, as duas púbis suadas. 
Nas veias, a cama, irrompe, a vertigem, trilhada, o meu endereço amante, o epicentro do equilíbrio e o desequilíbrio, à nossa volta a precipitação e a bigorna sem rosto, na cópula.
Abrindo-se em travessias, a vagina encharcando-se em palavras e poemas, linhas e núcleos, pólvoras, golfadas e lanços nadando, nadando entre águas minadas, entrando nas duplas ancas contorcendo o mundo húmido, vibrantes, vibrando, vibrando, vibrando, vibrando, entre o espaço e os dedos navegadores em debate.
Chove sob o navegar da carne, bem a meio rio, o ânus, o buraco entre os escombros, onde o delírio se abre no repente da imagem larga.
A memória bruta da seda, a imagem das suas entranhas esmagando-me.
  Seda a carne, encostada na página inteira, na escrita que se vai fixando e se vai fechando a cada onda orgástica, a cada profundo nó, as trevas, o enxofre cai nas margens, iluminando a ceifa e nós, abertas, nas espasmódicas respirações, num cais, ateando toda a memória atenta, avassalando nas frases a frase. O cio a desmoronar-se onde os buracos fervem e nos abrasando não só a Alma, mas também toda a carne hasta.

Luísa Demétrio Raposo

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