terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

sépia

 
 
“O naufrágio abata-se em todos os penhascos. Escarlate a vulva alaga o encarnado na forma circular no contorno da carne distendida e escancaradas e que golpeia na acomodação da seda.
A boca incinde sobre um sexo infindável e quente onde a língua escreve sombras até encontrar a encruzilhada exausta a carne quase, quase, quase, arrulhada onde o desejo envenena com o seu cheiro húmido.
Bebe-se de entre o lodo que ataca e devora a boca com as suas seivas que não passam de teias...
sempre abertas.
Ao lume fala-se baixinho e olha-se demoradamente porque as curvas possuem sabores que inundam a boca com densos aromas. Tolhem-se breves orbitas e este cíclico inflexível extraia o fogo. O cheiro intenso, a ostra visível pressente o sal e despe-se na língua agresta que pouco a pouco lambe… e eu escrevo-te quase a sentir toda a saliva que dos lábios partiu sinuosamente…
Na minucia dos gesto as gotículas de água lambem as barbelas, a mariposa é uma racha no vício da acidez que bate com a língua na pele perpendicular obliqua fria líquen no balbucio dos ciclos pegajosos de um tubérculo que incita bebedeiras e onde a fuga é sempre a falésia, o miradouro, a avalanche que se dilata procurando alinhamentos fundos na tempestade labial que a atravessam. O mar se esquece das trevas e as serpentes possuíam língua a mesma que golpeia o estreito golpe onde o sol é uma pequeno interior húmido e escuro mas onde todas as portas escorregam e das mãos dos amantes a aberta é uma ardente madrugada.”

Luísa Demétrio Raposo, do meu livro " al mojanda"

Sem comentários: