terça-feira, 18 de março de 2014

III


Escrever tornou-se um acto felino.

 
 Arde a tinta brava no interior na cal a riscada dá água a beber aos dedos mornos, que preparam quedas entre dois lençóis que miam. O ruído albergando-se nos inúmeros teoremas mentais que alcançam a orgia clarinada entre os acabramemos e a resistência térrea do desejo. A seiva prenha de vida.

Duas bocas um único labirinto; no fora para dentro; o angulo escuro amaga.

Perscruto aberto. Intacto o fogo onde a pele salga o desassossego voo.

 Resvalam os nervos curvilíneos incorporados nos socalcos. A boca acorda a outra boca e apalpam-se nas paredes os segredos que gemem e apalpam a ansiedade desabrochando no sexo que lhe mete o fogo indefinidamente no enroscar das línguas presas pelo cio, puxadas pelo tesão que rasga e gira ciclicamente em espiral.
 
in " al mojanda"


Luísa Demétrio Raposo

Sem comentários: