quinta-feira, 19 de junho de 2014



 chove em todos os meus desertos. árida leitura que o sentir voluta. o grito do sangue grita inteiro na erecção os grãos de areia arquipélagos desordenam a voz o poema o fogo o deserto aberto 

ser é tudo isto. 
 

 

sábado, 7 de junho de 2014

"o meu coração é um lugar absoluto onde o sangue treme e se funde com o desconhecido. fogo abrasa-mo. alimenta-se de excessos e tal como num deserto o poema fere de orbita em orbita as margens cruas da carne que soluça muda rota."
Luisa Demétrio Raposo
in Junho 2014

* à minha mãe, eternamente.

quinta-feira, 5 de junho de 2014


dentro das mãos ressurgem desertos a noite e centenas de diálogos guerreiam lado a lado a primitividade das palavras
e escrevo
o respirar dos genitais arrancando vertigens entreabertas no desequilíbrio dos buracos entre o ventre húmido que endurece hastes e o escuro incha

Luísa Demétrio Raposo

*


O disparo contorce-se cheio de tenacidade acima do respirar vertiginoso, dentre a braguilha onde existe um advertir alto, aberto á força da minha alargada geografia segadora, a musselina…

Ao fundo da saia a largada sensível alcança a tua voz, a mesma que convida, suspirante, e abraça-me entre as agudas labaredas que latejam, latejam, entre a folhagem que se desata.

As tuas mãos são aqueles dois animais em fuga, pelo torno do meu corpo em turbulência, a viagem vírgula que calcorreia todas as desembocaduras na profundez que em redor do sexo acariciam a risca inquieta, tão deliciosamente.

A tua boca o equinócio que sustenta a minha no corrimento infernal das línguas libidinosas suturando obliquamente o íman que ambas possuem.

 O cabelo, mais acima do cenário, arfando, completamente aborígene, onde os teus dedos se despenham e amplificam…