sexta-feira, 29 de agosto de 2014

escrever as coisas bonitas é um atentado. orar desinteressa-me. iminências, quero a língua toda aberta e ver os mil homens que nela imprensam as conveniências. vómitos.
o após vomitar;
existem fomes maiores num caralho e que o organismo alheio consome. foder o fel manso; a fórmula mais básica. a compulsão cria em si o acto. transcende. ritmo não é conveniência, está muita além. há a energia que sai nas ginetas para os genitais. fora disso é o maior crime. ...
a ordem interna; narração. carne é a única linguagem que rompe. o que a boca fala é um som violento que alastra, a armadilha selvagem das cordas vocais.
há vaginas não que passam de bexigas, só mijam. invejosas; abre indo-vos à largura, comei tudo comeis todos que eu sou totalmente de acordo com a copulação. não fodam é a cabeça aos outros. tu aí entre os comuns, que tocas os teus olhos nos vitrais do que escrevo, não percais tempo, ide antes ao talho e unis a boca à carne. enche-te e preenche-te. alimenta, a masturbação sempre pôs tudo a luzir. despenha-te antes da dissolução, o sal entre as águas potência afectos. urinai, urinai.


Nota: falar antes de defecar pode ser considerado perversão.

Luísa Demétrio Raposo
o extremo é um excremento em libertação, orquestra e desforra-se num peido em sacrário que eu ofereço às libertações barrigudas que menagem o incomensurável sem cu que em combustão arde, arde, e não.

Luisa Demétrio Raposo
o exterior é todos os sítios e visito-me;
agridem-me os pesadelos que dentro nos outros embarcam ausentes do aqui e para o que às imagens descrevo inadequadas são à realidade em que creio.


Luísa Demétrio Raposo
ao fundo do coração uma rua invulgar prosa o escuro e o que sou bombardeia violentamente a escuridão repleta.
queima o lume a boca que na escrita rasga come furtivamente une e destila a palavra obscena. poesia. quando penetro a carne e cuja saída não passa de uma exaltação igual à minha.
na cabeça funda a obscenidade, escrever ora e sem o saber continuar a gozar de mão segura.


Luisa Demétrio Raposo

terça-feira, 12 de agosto de 2014

um inferno é o que separa-me do mundo. é um demónio que rasga-me nos outros, sempre, sempre.
a natureza esbraceja e no barulho não há nada pior que ter que ser antes de escrever.
o corpo, ausência, sem universo entre o papel e a tinta atenta que chama a atenção obscenamente larga.
não temo o lume nem arder no fogo agonizante das labaredas, escrevo o inverso dentre o conflito da carne na arte.
Luisa Demétrio Raposo

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

escrevo para poder desaparecer. escrevo para me diluir nas palavras e assim poder matar a mulher e a carne.
a escrita é o lugar onde pertenço e que no coração está vivo e sangra directamente para o abandono dos textos mantendo-nos ambos vivos.


Luisa Demétrio Raposo


terça-feira, 5 de agosto de 2014

a mariposa é uma racha no vício da acidez que bate com a língua na pele perpendicular obliqua fria líquen no balbucio dos ciclos pegajosos de um vil usurpar que incita bebedeiras e onde a fuga é sempre a falésia, o miradouro, a avalanche que se dilata procurando alinhamentos fundos na tempestade labial que a atravessam.
do sol simples orifício, dinumeram-se que as serpentes possuam a língua que golpeia o estreito golpe onde o adverso é um pequeno interior húmido e escuro mas onde as mãos e a mente escorregam. a abertura da palavra é uma pendente madrugada.


Luisa Demétrio Raposo



domingo, 3 de agosto de 2014

marginais uivos dos pentelhos em erecção quando não veneram movem-se a fim de gladiar. indigente o animal que sai nu no olho incentivado pelo escuro a ofegar abundancia.
Luisa Demétrio Raposo 
GRITO
a manobra grotesca. o abuso que mais se destaca no meu vocabulário entre as assimetrias temperamentais das quais sou constituída inteiramente. largas as linhas onde me cai a boca sobre o abalo vivo e íngreme.
Luisa Demétrio Raposo

sábado, 2 de agosto de 2014

a noite é um curso comprido que remexe os porões mais profundos onde posso imaginar a desordem em que tudo termina e em tudo recomeça do foder à forma que inclina o enfrentar da numeral e aterradora invasão epistolar…
e já que fica tão longe a anarquia e nada mais me pode salvar, urinemos.

Luisa Demétrio Raposo
gosto de poesia quando se processa delinquente pela mão fora sem condições escravas se lê inteira mente quente. leitura ânua onde a língua pronuncia o português entre o fundo e aberto enterrar.
nos livros não gosto de ferimentos florais nem de obediências ternas. a isso, prefiro a corte que morta circula pelas bibliotecas-cadáveres.

Luisa Demétrio Raposo
o barulho é a violência decorrente. a incursão caligráfica do soar inaudível que me abriga no lado de dentro da oposição inflexível. a violência atrás do meu endereço caça morde come na escuridão a voz. imponente é o corporal público. um falatório folclórico de símios que habitam estas gentes alucinantemente e que me devoram ao longo do correligionário ponto. da cabeça cortaram-me o silêncio e tudo o que me rodeia excremento.
Luisa Demétrio Raposo

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Eu quero.
Quero um deserto de espessura longa. O calor que provoca fogos e tudo o que se engole no gole do lume e que cresce na minha flor interior, onde as sementes são rugosas e os veios incham o sumo que escorre pela língua ao fundo de entre o lodo, na vulva, a mata sinuosa onde sexos consomem baixinho no flutuar imutável da espiral.

Luisa Demétrio Raposo