terça-feira, 30 de setembro de 2014

A vulva um poço violento onde nasce libidinosa a escrita e no contorno da carne distendida e escancarada a leitura que a boca desata na imagem, incindindo sobre o sexo infindável e quente onde a língua lateja e escreve sombras até encontrar circunstantes. Fode-se. Bebe-se de entre o lodo que atraca as seivas. Teias sempre abertas.
Ao lume lê-se baixinho, o sentir demorado nas orbitas as coxas. Extrair fogo é uma arte porque a ostra pressente sempre o sal e, somente ela despe ...
a língua que pouco a pouco aresta.
Todas as línguas possuem serpentes que no sexo se arrastram ora ligeiras oram suaves e tremem à carne erecta e masturbam a terra. O cuspo coberto de hóstias ou de sémen. Abandonei-me. O orgasmo caiu-me do ventre. A elanguescer.
Na fenda fica fogo, a minha afeição e o incêndio prossegue com o texto. O coração perde-se lá do alto no momento da micção. A narrativa atinge-o como um carrasco e na sua base desapareci. O bombear dá-se ao encontrão.
Aberta a porta e nos ruídos saem os gritos.
Eu, o ponto vazio. Lentamente.


Luísa Demétrio Raposo

retirado do livro de contos.

*foto Franz von Stuck, The Sin 1803

Sem comentários: