sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

ANÚNCIO


"É urgente meter a língua na abertura onde se entalam poemas e permitir à brecha o escrever e o penetrar. É preciso transpor tudo, num devorar verbal. Desorbitar a literatura mundana demasiado casta e obscena. É necessário rasgar a acomodação e permitir à Poesia foder até que a carne escreva o que preenche um sexo entre as raízes húmidas numa qualquer fenda que amamente a escrita."


Luisa Demétrio Raposo
"O broche é oralmente escrito e é lambeado à sombra pelo ogro que me resgata ao coloquial. A bestialidade, silva a safra retém. O solferino sobrechega agora e eu, um abisso inferno, o momento em que o corpo morre e tudo explode. E, aqui e para sempre, sem noite, sem dia, dia sem noite, e sem um fim, mas tão-somente o que amplo às faíscas habita.
Imorredouro, tal como um início onde se vivem milha...
res de vidas em um, só devir. O averno que suplanta pressa e se forma púcaro vazio no poema do qual já se perdeu o implícito submergir nos temas escritos e nas palavras que arvoam no papel que, ora semimorto ou semivivo dita imparável a máquina que pensa e enclausura-me.
O coração relumbra, vianda, o tripulante revolucionário a opar seiva, execrado, o uivo sifilítico anódino buscante que aumenta no seu volume a carne. Acarminado range e expande-se, força ulular, a ardina poça que mainça e narra pela página a frase adentro."
Luísa Demétrio Raposo
in "A Ilha"
"Excitação, a vertigem que cerca a víscera da escrita, a força refocilada, o alimento brutal, o alarvado nu entre pentelhos no clitóris a serra emosta e intensa onde os extremos são quentes, uma arena, o gancho selvagem entre a somada onde o penetrar segue a distância na dissolução do tudo.
O caralho é a narrativa, e nele o que importa é a delonga metáfora e tudo o que se narra anteriormente ao seu fenecimento. Um caralho é forte e grosso cheio de colo desde o içar repleto de precipícios duros, largos e curvilíneos. A geometria no órgão é proporcional à alma que nele se cerra. Quando febrilmente fica exposto, sinto-o, entre a sombra absorta, paredes e força, entra, sai, para chegar ainda mais depressa. Ele é o todo que em mim se torna físico. O orgasmo é que nos principia e em nós acaba. Foda agremiação, a lousa. A cona um solo o coração batente que desaperta o texto e o imo poético se manifestava através de um circuito ilimitado, o todo, um creu insistente, onde habita a fornicação que se espelha e nos acompanha os passos um por um."
 


Luísa Demétrio Raposo
pequeno excerto do meu livro " A Ilha"

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

“Vaselina
o subsolo ir-se-ia na instantaneidade o rachar ao olho e devasta por onde oscila o imbuído súbito entre o cuspir de devires à confluência breve do ejacular narrativo alimentando o prolongamento em regato perifericamente orgânico ergue-se da sede mortalha nexo ao fogo povoando-me de terramotos
sol a erecção o buraco assimétrico do corpo atrás da carne o dia entre o sangue flecha ânua estrangula ou degola os poros onde afloram os sentidos e a escuridão viva que perf
ura a fossa
pulmão.”



Luisa Demétrio Raposo
"A sombra por toda a vulva deserta, árida leitura que o sentir voluta, o fecho no sangue por inteiro a erecção, os grãos de areia arquipélagos que desordenam sós, o duro nómada em decerto, aberto."


Luísa Demétrio Raposo

domingo, 25 de janeiro de 2015

a orfandade


O sangue oculto, caliginoso da palavra que oralmente é escrita e é lambeada à sombra pelo ogro que me resgata ao coloquial. A bestialidade, silva a safra retém. O solferino sobrechega agora e eu, um abisso inferno, o momento em que o corpo morre e tudo explode.

E serei, aqui e para sempre, sem noite, sem dia, dia sem noite, e sem um fim, mas tão-somente o que ampla e habita-me.

 Imorredouro, tal como um início onde se vive milhares de vidas em uma, só. O averno que suplanta pressa e se torna o lugar vazio do poema do qual já se perdeu há muito o endereço.

Submergir nos temas escritos e das palavras que arvoam no papel que, ora morto ou vivo dita imparável a máquina que pensa e enclausura-me.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

imo

"O coração relumbra, vianda, o tripulante revolucionário a opar seiva, execrado, o uivo sifilítico anódino buscante que aumenta no seu volume a carne. Acarminado range e expande-se, força ulular, a ardina poça que mainça e narra pela página a frase adentro."


Luisa Demétrio Raposo

sábado, 17 de janeiro de 2015

do meu livro AMMAIA





A vulva é um escrito de entre um deserto violento, um orifício bárbaro, o contorno safra, a carne improvável que renasce leituras e que a boca desmata na imagem, incidindo sobre o sexo infindável e quente onde a palavra lateja e escreve sombras até encontrar circunstantes. Fode-se, bebe-se

de entre eruditos pentelhos que atracam as seivas co) abertas, no lamber absorto ao lume que orbita no orvalho a meio das coxas.


A boca é toda uma serpente que no sexo se arrastra ora depressa, ámen, orando carpia a carne erecta, masturbando-se na saliva e ascendendo o rastro das águas obducto de hóstias ou de sémen. Na conflagração prossegue com o texto, na micção a narrativa é fraga, um acanhonear laranja ao encontrão e do pretérito arvoa o gemido letalmente, deixando-nos a paz.

Luísa Demétrio Raposo

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Ala mada



"O tremeluz a humidade da rua sobre, acende a inocência do soalho. Embate na boca. Arde pia de entre o sexo meio aberto meio penetrável; a exasperação nua ao fascínio eclode; sobre a pele, levanta voo, um pássaro e vagueia-se pelo travo a língua. Marulhares, às nuvens devem perturbar. Ousar rejeiras a cal à aberta que conheço. A vulva a liquefacção onde todos os pássaros húmidos pousam a deliquescência a boca e o poema existe em simultâneo languescer. O sentir naufraga. O cais. A lentidão sobre a transumância: escreverei. Fora de ti. O corpo ave: o grande interior, um excesso que desliza, por vezes sangra e coincide com o cretone aterrado. a embriaguez  é um desvio inacessível, e penso em nada desaguar…"

Luísa Demétrio Raposo




* a foto é retirada da net, desconheço autor