O dia a cada instante,
um labirinto e o volume disto ocupa-me as horas; são os ácidos passos que a
incandescente vulva vomita junto ao sítio, em escrita (diz-me o interno)
Ao fundo da página, Eu, vulcão escrevo sob o olhar que o ritmo admite no
cadafalso. Arde o largo grosso da prosa. Do inferno o meu mundo não é outro: o
branco em fúria estrado a içar. E quanto mais escrevo mais profunda é a minha
semelhança. E o lume pela guarda alastra. Imagino tantas vezes
poder deixar a carne e alimentar-me somente nas palavras enquanto larvas, riscar
o sangue bravio e a meio coração inteiramente a desaguar, mãos e fogo.
Luísa Demétrio Raposo