sábado, 30 de maio de 2015

O livro é um genital onde se morre demasiado e desaparecem clandestinas as mãos que nele submergem. E é assim a literatura. Grande e ousada, tal como eu sou e me quero sem ambições brutais, mas fiel ao que rebenta e ao que me entrego despreocupadamente e tal como acontece em natureza, sem qualquer preconceito abro a minha semente ao amor e seja ela o que for, desejo ou apenas um dedo pastor…

Luísa Demétrio Raposo
Clitóris, a grande nau o prepúcio lambe aos destroços e a boca queima em direções paralelas à fuselagem.
Estrangula ou degola a escuridão, a sombra dum arco altissonante e labiríntico que esculpe do largar a medida de entre duras arestas que desmata cego, provocando em tudo o órfico a soma de dois orifícios num único arquipélago.


Luísa Demétrio Raposo
A ira do sol ao meio-dia sangra-me na cara robusta. A papoila de encontre a palavra desabrocha, incendeia, confunde, perturba desencadeando toda uma dileção avassaladora, mais devasta que o fulgor do sol quando grassa.
O escuro do olho o expandir absorve ao sangue capitoso, e dinamita a euforia das mãos que se estiram para erguer a duração e sobre elas, em cada uma delas a fúria acesa dentro da exaltação erode.
O escarlate durativo e inumerável, a inteligência de um fogo que tanto de dia como de noite está sempre na parte de fronte e de dentro para fora. Em toda ela, um exalçamento, e esse exalçamento é a distância rasgada à menstruação entre um fundo concubinário onde o pensar sangra e de forma brutal pelo meio das ancas, entre as coisas, o mundo e de onde e desde menina, sangro milhares de milhões de papoilas.

 

Luísa Demétrio Raposo

quinta-feira, 28 de maio de 2015

O sexo é o único deus que me aparece descalço e é no seu aparecimento que eu desapareço e só se pode desaparecer após o antes que foi ejaculado.




LDR
Com escrita, a boca não consegue pronunciar o que separa entre as coxas, a vulva que as pregas solta ao que no escuro tranca e acescência interna destrava, um corredor ao de leite que ao largo, a testa.
O seio na mão que o despe para corresponder ao que foge clandestino do encalço ao regaço. O lodo entoa até às mangas o que passa rápido pela mão a gritar entre e que pinga e enche os dedos, acima uns dos outros, dedo a dedo afim de gladiar a água mamífera que desce do poial e amputa o equilíbrio ás ondas.



Luísa Demétrio Raposo

quarta-feira, 27 de maio de 2015

Do pentelho raramente se venera a cor e no entanto é-me a mais inteira.
Pigmento d`alma onde se debruça um assomar e mais se escancara a esfolha porque quando o aroma poisa, a tinta desaparece.
Sérios pensamentos são forças tão vazes como a desperta de um desvaneio percetível na ira do pénis quando a meio da robusta nádega, sangra.


Luísa Demétrio Raposo

Nada cala a ansiedade do sexo. O êxtase que pulsa ao espiar, o escarlate que infla de era em era e de modo potente. Há quem o ache horrendo. Há quem o ache bonito. Eu a ele pertenço e na mais ampla perspetiva me devoto e a dele abraso nua e intensamente.

Luísa Demétrio Raposo

quarta-feira, 13 de maio de 2015

 
É explicitamente sexual a essência na papoila e na mulher; a boca, uma direção desejada, a divindade ereta, o nome onde deito o genital e outras figuras maiores em partilhas interiores. E sinto-me, brava e infinita em pensamentos erógenos, de que é feito o hálito, à caça do som e aroma que das ribanceiras nasce enviesado, o devorar que atormenta as substâncias, molhando-me a frente, raspada e enxuta, porque na vulva há uma mistura possante de um perfume que consegue soltar o sexo que há tanto nas mulheres como nos homens.
 
Luísa Demétrio Raposo