O pretexto na carne que está entre sequências húmidas. Na moita, defecar perturba. Um poema aceso, simples iodo que no sexo desaperta o sangue. O esfíncter a larga e desintegra-se à sombra soerga. A pauta escarlate o veio que se refalsa de entre a intensa merda que sai tateando tudo num abuso ânuo.
É a rebeldia exposta à assimetria.
Luísa Demétrio Raposo
terça-feira, 30 de junho de 2015
domingo, 28 de junho de 2015
Coitada
Coito ardor, abismo, onde se cruzam os órgãos. Se desenrola,
rola, onde o fogo nunca derrama o leite.
És tu a alucinação na minha memória. O nosso epicentro.
Quilha no sentir. Que viva e quente, nos penetra o ser. Nos
come no vir. Potência infernal, na orla do nosso prazer. A cada...
pancada nossa uma vertigem se retira do teu astro cheio.
Almíscar. A argila táctil. E fica assim ateando a minha escrita
só pelo silêncio nu cercada. Põe a mão na noite e fica, não
porque o desejamos, mas porque Deus deu às partes sexuais
delírios e furos naturais. Húmidos. Orvalhados. Janelas de
força onde circula o odor de leite. Janelas opulentas, onde o
pau arde na flora, e onde a flora irrompe a haste desordenada.
Num poema...
Poesia é isto, um coito entre palavras, que se devoram entre
vozes, fôlegos e orifícios, superlativos uns aos outros e uns nos
outros...
Luísa Demétrio Raposo
in Respiração das Coisas/2010
rola, onde o fogo nunca derrama o leite.
És tu a alucinação na minha memória. O nosso epicentro.
Quilha no sentir. Que viva e quente, nos penetra o ser. Nos
come no vir. Potência infernal, na orla do nosso prazer. A cada...
pancada nossa uma vertigem se retira do teu astro cheio.
Almíscar. A argila táctil. E fica assim ateando a minha escrita
só pelo silêncio nu cercada. Põe a mão na noite e fica, não
porque o desejamos, mas porque Deus deu às partes sexuais
delírios e furos naturais. Húmidos. Orvalhados. Janelas de
força onde circula o odor de leite. Janelas opulentas, onde o
pau arde na flora, e onde a flora irrompe a haste desordenada.
Num poema...
Poesia é isto, um coito entre palavras, que se devoram entre
vozes, fôlegos e orifícios, superlativos uns aos outros e uns nos
outros...
Luísa Demétrio Raposo
in Respiração das Coisas/2010
Carta ao Pénis
Caro Pénis
O desejo é um enorme buraco selvagem.
E quando o desejo estala o silêncio, o cio imagina e aumenta-te....
Deverias saber como ninguém que o bosque húmido é uma
alucinação de memórias, lembrança volumosa e orbital, narinas
e ânus sob a fenda negra e que toda ela é aberta.
És alto em mim, entre o meu e o teu sangue eu estrangulo,
potente, doce, elementar, obscura...
Eu sou puro sexo e mato por fogo ou afogamento.
Sou carne curva no sobressalto vergado de funduras
frementes e delicadas.
O tesão serve-me e eu, sirvo-me dele tal como tu, é arte no
instinto.
Tu tocas onde eu te toco e os membros ambos abertos
fecham-se em carne profunda...
Até breve,
Sempre tua,
Vulva
Luísa Demétrio Raposo
in Respiração das Coisas/2010
Caro Pénis
O desejo é um enorme buraco selvagem.
E quando o desejo estala o silêncio, o cio imagina e aumenta-te....
Deverias saber como ninguém que o bosque húmido é uma
alucinação de memórias, lembrança volumosa e orbital, narinas
e ânus sob a fenda negra e que toda ela é aberta.
És alto em mim, entre o meu e o teu sangue eu estrangulo,
potente, doce, elementar, obscura...
Eu sou puro sexo e mato por fogo ou afogamento.
Sou carne curva no sobressalto vergado de funduras
frementes e delicadas.
O tesão serve-me e eu, sirvo-me dele tal como tu, é arte no
instinto.
Tu tocas onde eu te toco e os membros ambos abertos
fecham-se em carne profunda...
Até breve,
Sempre tua,
Vulva
Luísa Demétrio Raposo
in Respiração das Coisas/2010
quinta-feira, 25 de junho de 2015
a hora da papoila
Na racha o perpendicular, líquen, a
segregação dos ciclos clandestinos da natureza. A fuga é a falésia, um
miradouro, avalanche que se dilata procurando alinhamentos fundos na tempestade
corporal do enxofre alarme que um sexo incendiado produz.
Então;
O sangue rasga-se-me. E o menstruar
sobre o corpo fel cabalista. A margem incha-se-me no troço, na sombra líquida e
na palavra permanece. Da vagina brota-se-me a tinta fresca a insónia de um
deserto pequeníssimo que cospe o desabrochar tecido em gotas, a recordação viva
da vida para que eu possa sobreviver a séculos e séculos de estrondos submersos
e persistentes fogos.
Luísa Demétrio Raposo
quarta-feira, 24 de junho de 2015
Eu gostaria que tudo o que amo o fosse simples, e simples gostaria eu de ser também.
Sou água ardente onde há regos desabridos em excessos. Há neles quebranto e furores e a inocência que avassala deleite dum. Há em mim vida e há a semente que se instala e que rompe na carne o imortal que cresce nardo e depois de cativo ao alegrete, colhe-se na certeza de um atrevimento. Há a ponta das águas, o esperma que se atira e avança em detrimento do quem o lê na sobranceira. Há coitos... e há os coutos. Planícies rodeadas de curvaturas e regaços que se vêm em posições diferentes, contra, no movimento dentro da sonância vazada em fiada. Há palavras que a minha boca não consegue pronunciar, mas que separam as coxas muito idênticas à delinquência que alarga com escrita a semelhança entre as virilhas empolgantes e absolutas.
Eu sou e me quero sem ambições brutais, absolutamente fiel ao que rebenta do meu sexo.
Luísa Demétrio Raposo
* 24 de Junho 2015
Sou água ardente onde há regos desabridos em excessos. Há neles quebranto e furores e a inocência que avassala deleite dum. Há em mim vida e há a semente que se instala e que rompe na carne o imortal que cresce nardo e depois de cativo ao alegrete, colhe-se na certeza de um atrevimento. Há a ponta das águas, o esperma que se atira e avança em detrimento do quem o lê na sobranceira. Há coitos... e há os coutos. Planícies rodeadas de curvaturas e regaços que se vêm em posições diferentes, contra, no movimento dentro da sonância vazada em fiada. Há palavras que a minha boca não consegue pronunciar, mas que separam as coxas muito idênticas à delinquência que alarga com escrita a semelhança entre as virilhas empolgantes e absolutas.
Eu sou e me quero sem ambições brutais, absolutamente fiel ao que rebenta do meu sexo.
Luísa Demétrio Raposo
* 24 de Junho 2015
terça-feira, 23 de junho de 2015
quinta-feira, 4 de junho de 2015
Há um abalo vivo que ao lado no bolso arde em fúria a saliência resoluta por onde erógeno o pensar avança, arreganhando-se ao gume e procurando a gritaria que leitura e de onde pende carnudo o fruto apaziguador, todo um sangue em prumo reto, que devasso, reúne e engole alcateias para em mim libertar nómadas tempestades.
Luísa Demétrio Raposo
Luísa Demétrio Raposo
A boca em movimento estala, ucha e rebenta a pressa da outra. Os lábios trinam, saltam e desmaiam, intempestivamente. A língua contra a língua, feroz, prenha de águas ágeis desafiando toda uma liberdade que nada respeita e tudo fermenta. E estoiram-se as bocas em cada perpasso; o alamar de um céu jamais saciado, e quanto mais ágil é a sede mais corresponde o destino à forma agressiva e violenta do desejo.
Luísa Demétrio Raposo
Luísa Demétrio Raposo
**Egon Schiele
segunda-feira, 1 de junho de 2015
O sémen é uma estação à beira cio onde o sexo o meu grande sonhador existe; um absciso animal que no escuro enche revolucionário o sentir sobre o execrado, ao detonar a caligrafia, narra pela página o órgão empunhado que emerge íngreme ao arreigado, e tanto pode ser másculo ou feminil, porque dentro às mãos tudo é andrógeno, em centenas de diálogos que guerreiam lado a lado a primitividade das palavras que ao respirar arrancam vertigens dos genitais.
Luísa Demétrio Raposo
*Egon Schiele
Luísa Demétrio Raposo
*Egon Schiele
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