quarta-feira, 14 de outubro de 2015

acerca do abominável dia mundial do escritor.

Um escritor não é uma vedeta, e escrita é outra coisa completamente diferente. O escritor não tem dias definidos, nem horas. Escrever é uma vocação. Um sacerdócio, e nada tem a ver com poses engalanadas nem com o nobiliárquico e de certas merdas de quem não sabe construir sombras, porque a escrita requer muito sacrifício e dedicação por inteiro, e para se ser escritor não basta só parecê-lo, tem que se ser, e isso é muito difícil, custa muito porque um verdadeiro escritor jamais se vende ao sistema, um sistema corrupto e medíocre que só se preocupa com o mercado (dinheiro vivo), um sistema merdoso onde as grandes editoras são o maior inimigo da arte da escrita, são elas as únicas responsáveis pela prostituição, sim porque não se pode chamar outra coisa num mundo que se fala de “literatura”.
Um escritor jamais teme outro escritor. E quando isso acontece é de ir ao vómito tanta mediocridade.
Há ainda que falar nos badalados prémios literários, que deveriam ser extintos do sistema. São uma aberração, prejudicam a literatura e só servem para criar “ninhos” e dar continuidade a séquitos “editoriais” e “caganeiras”.
Escrita é muito subjetiva e é impossível de dizer que este é melhor que aquele. É uma treta que só serve para alimentar elites, e o escritor não precisa dessas merdas, precisa é que acima de tudo que o respeitem. Infelizmente existe uma tremenda falta de respeito pela arte e por quem a exerce.



Luísa Demétrio Raposo
* 14 de Outubro 2015

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

liberação


 
 
 

 

 

Rende-se o que pela mão passa rápido a gritar, lá aonde deus vive endireitado e é interminável entre, e que pinga e enche os dedos acima uns dos outros, dedo a dedo, a fim de subtrair a água mamífera que desce onde sinto rórido o sexo e onde o tempo responde ao corpo veemente, e tal e qual como acontece dentro na terra, o amor liga-se ao sangue e à semente.


 

 

 

 
Luísa Demétrio Raposo


*foto Yung Cheng Lin

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

xxx

A pimenta é a concubina que aquece o sangue ao genital sultão. Eruca entre caricias na orla de Vénus. Cheira a desempenho sexual. Cheira ao sexo que fornica e decapita. Cheira frondosa e húmida entre a erecta submersa, devassa.

Luísa Demétrio Raposo

* foto retirada ao Google, desconheço autor.



terça-feira, 6 de outubro de 2015

a terra


 Deus a sombra, o astro que endurece a parte engelhada sob o traçado rente. Em tempo quente, o nascer que irmana cativo, o sémen, que do chão rasga histrião ao meio-dia. O rebento alarga-se, ao toque, quando acariciado em carne mutua. Não é uma união, é a devassa ardendo embravecida entre o domínio das interrogações que correspondem ao escancarar. A curva ofegante. A ambição de posse orla a tempestade que o cio intérmino semeia. Na respiração. O sangue em bosque a emergir, impresso e rumorejante, liga haste à seiva, inclinando o sexo faminto ao lumaréu, e do quase nada se despe quase tudo.
 
Luísa Demétrio Raposo
 
* foto retidada ao Google, desconheço autor