terça-feira, 29 de março de 2016

O sol raia estrangulando por contínuo

O slip,
corpo após corpo a oferecer guarida à seiva franca nadando-lhe ao ouvido na dupla que os dedos anseiam.


Luísa Demétrio Raposo
...
*Passage XXIX - H. R. Giger (1973)

pássaro em acto

O homem urina em pé contra a parede. Urina contra e de encontra as latrinas provocando um derramamento, a transmissão de tinta e outros pigmentos aonde pertence, e está escondida a grande dimensão em jaula.
As calças de um homem entre a multidão são um rapto, e vai-se lá saber, a coisa está viva. Hirta. E eis por detrás o animal. A captura. Agora, imagina-o, a desempenhar o papel de Deus sobre o instinto. A lamber na vulva gotículas viscosas feitas à mão. A nadar em novidad
e e a coberto pelas ondas que marinham a lama que do ventre escorre. A fornicar de entre a tinta implacável que desrata interminável pássaro em acto, o tudo em tudo em quantidades e assimetrias. A fornicar entre as axilas o ópio, verdejantes campos verdes em chamas, a tormenta e milhares de milhões de criaturas que me são invisíveis, a biologia em zona calva praguejando em albugínea.


Luísa Demétrio Raposo


O Livro da Papoula

Venho convidar-vos a todos a colaborarem no apoio à publicação do meu sexto livro, O livro da Papoula. A vossa participação no processo de criação é também uma forma de o adquirirem antecipadamente e a um preço mais atrativo. Há recompensas para todos os tipos de apoio. Mais informações e qualquer esclarecimento em http://ppl.com.pt/pt/livros-de-ontem/livro-da-papoula

quarta-feira, 16 de março de 2016

Os cheiros. Os aromas e eu, a sentir-lhe o olhar, o fulgor a palpar o que órgão quente em calças justas desenha, mergulhando nele o sexo pornógrafo.

Lábios na chiclete. Dúzias de bocas furiosas, grunhidos, guinchos. O ruído que saí pelo nariz. Um naufrágio. A luz atira-me à janela. O sol a morar-me entre os cabelos. A ideia anarquista de fugir para o meio do amarelo. A boca, dos lábios só, nome de raça. A poça por todo o lado às mãos agarra-se em massa. Depois de terminar, paguei a conta, agradeci à empregada. Na rua espera-me ela desperta. Quero esconde-la, desejo-a primeiro na boca, depois entre os seios até ao último empurrão em cenário obsceno. E eu nunca antes tinha visto tanta água para mergulhar os polegares, um rio, e um rio não é obsessivamente só água. É sobretudo o corpo em brusco poema, tamanho o sexo que lhe sai pela boca.


Luísa Demétrio Raposo

terça-feira, 15 de março de 2016

++

O escarlate, ciclone, a viagem. Úvida tempestade. Imaculado astro. A inocência ao sol. Carmíneos lábios em apelo estro, a estrela grácil, que a poesia simples descanta. Atmosfera em brasa. Pulcro espaço que o recôndito dilui à mão sequiosa...


*foto by Billy Kidd

sábado, 12 de março de 2016

cápsule

(...) O homem urina em pé, contra as paredes. Urina contra, e de encontra as latrinas provocando um derramamento e a transmissão de tinta e outros pigmentos aonde pertence, e está escondida a grande dimensão em jaula.
Contra o útero, só um rápido seguro arranca violentas confrontações que contemplam profundamente, e que nos são instintivas por natureza. A normalidade é uma masmorra. Pernas abertas conduzem à libertação, a uma orientação faminta que transformam todo o interio
r ao ser renegado, colocando a vida a interior da carne.
As calças de um homem entre a multidão são um rapto, e vai-se lá saber, a coisa está viva. Hirta matéria. Eis por detrás o animal. A captura. Agora, imagina-o a desempenhar o papel de Deus sobre o instinto. A lamber na vulva gotículas viscosas feitas à mão. A nadar em novidade e a coberto pelas ondas que marinham, a lama que do ventre escorre. Depois. A fornicar entre as mamas, pássaros. Fornicar entre axilas, o ópio, verdejantes campos verdes. (...)



Luísa Demétrio Raposo