terça-feira, 12 de abril de 2016

soçobrar

Ela,
a vulva e cujo nome normalmente é interdito, o sexo acontece a todos os instantes constantemente ao gotejar a monstruosidade da água em cenário obsceno. E eu nunca antes tinha visto tanta água a mergulhar nos polegares, e não é obsessivamente só água. É sobretudo um lacre em fuga ao fosso onde o desequilíbrio arde, arde, arde e por vezes ama até sangrar.
Um pénis na abertura é sempre um perigo tamanho o sexo que lhe sai pela boca, a tormenta em milhares de milhões de cr
iaturas que me são invisíveis. A biologia a percorrer as zonas calvas e que voltam a desaparecer e que pragueja em albugíneas entre as virilhas, essas grandes palavras em chamas que sôfrega e salgada, a língua de escrita aperta contra estreito, em gula.


Luísa Demétrio Raposo
in pássaros de ferro



*photo by James Wigger

4 comentários:

PEQUENOS DELITOS RENOVADOS disse...

Tua vulva é fonte inexorável de prazeres. Mesmo sem tocá-la, a exploro nos recônditos de meus desejos incontidos. Bebo a água que dela verte. Fonte que não se esgota.
Língua e vulva... pênis e vulva. E nossos corpos se completam em duplas, quádruplas e terças.
Mas o binômio "eu e tu" é único. Guloso.

Luisa Demétrio Raposo disse...

eu escrevo do genital para o genital...

grata, Pequenos Delitos Renovados.

madagascar2013 disse...

rendo-me às palavras, como confesso as nunca ter lido..."sexo que lhe sai pela boca, a tormenta em milhares de milhões de criaturas que me são invisíveis"..quase audíveis no grito e evasão do momento!
Fabuloso Luísa

Sr. Wally disse...

Gostei daqui...
fiz uma homenagem, mais humilde...rsrsr
http://www.quimeralasciva.blogspot.com.br/2010/07/soneto-vagina.html