segunda-feira, 15 de março de 2021

  A avenida principal deveria estar em silêncio. Os dias não se dão. Fremem. No local de trabalho pedem-me cresça mais depressa a interior da blusa e se puder arranje uma mais larga é que o mundo entrou em colapso e eu que sempre tive pavor lacónico ao porta-bagagem e às batalhas disciplinadas e também não sei nadar, recebi a noticia, a partir de agora terei de ser mais acumulada e colocar menos barbatanas à entrada, e se o desespero começar a imiscuir-se desfocado, é colocar-lhe um gargalo e deixa-lo florir, já que todos necessitamos de nos salvar e a distância é um quase abandono seguro. E manter o corpo desdobrável dito ainda no papel afixado na porta, sem humidade em todos os degraus e com luz certa em todas as atenções e tudo sem ser misturado sobre a cabeça.


ldr

*ensaio, autorretrato, Amata,
Março, 2021, Casa da Mata,
Fortios, 

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