quinta-feira, 18 de março de 2021

 A escrita inflama intensa pelos corredores da prosa. O fel em brasa com a boca que se transmuta em força a meio do escuro. A causa. Dissipar sangue com destruição e vocalizar as formas iniciais da atmosfera que representam a polémica e a desordem que segura a parede. Uma mancha ensanguentada articula-se até à roupa e pelo salto olha-me, atenta, pra naturalmente corresponder a todos os hábitos sexuais presos entre as costuras e o ferro. Aguardam-me apetites, a brutalidade que só a um corpo numeroso pertencem. Sobre a mesa os papeis à polpa dos dedos começam a deformar-se. Despindo-se, comendo as coisas todas acesas. A carga erótica, a caligrafia erguida sobre a testa, a escrita contínua demasiado e larga. Um documento na sua originalidade, a sacralização, a passagem, fixa, preta. Feito e dito, a cavidade molhando-me. Pele e medo. A recitação. A cinza forte e curvada numa poça. Tocar-lhe.

Valerá a pena continuar?
ldr
*autorretrato, ensaio, Amata,
Casa da Mata, 2021 Fortios



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