quarta-feira, 29 de julho de 2009

Carta I



Só a água geme nos buracos e as pontadas de fogo pulsam nos rostos.
Na escuridão do meu relento, branco silêncio, sem olhos onde apenas se ouve o lento trabalho do hausto que bate lá no fundo.
Existem bocas que falam por muitas outras bocas numa inocência atroz, onde habita a floresta irrefletida... põe nela a tua mão e molha, destinge o sonho a delicadeza, toda a tinta entornada.
A doçura por vezes mata e salta ás golfadas e tu sabes que o tempo tem a sua inclinação perigosa, aquela que se deita no poema e se toca, dando à pata nos remoinhos primarios para um tesão interior...
Fecho os olhos, e sinto outra coisa enorme, atráz desta há outra ainda maior, outro desejo maior, há pensares que é preciso afundar logo noutros ainda maiores...

*foto retirada de net

1 comentário:

António MR Martins disse...

Luísa,

Mais um belo texto sustentado pelo íntimo desejo de um prazer absoluto.
Muito bom!

Beijinho
António MR Martins