Ao fundo da calçada a rua estreita-se e dilata. O olhar cadafalso o ritmo admite. A foz silvada preenche as calças. A braguilha mão-dentro e o largo a erecção grossa da prosa masturbam violentamente. Entre a pausa o músculo o pénis interdito alastra. O sistema desarruma eriçando a curva e do inferno entorna-se a água de entre marginais uivos dos pentelhos em erecção que veneram e movem-se a fim de gladiar. Depois, a derrocada, a morte finita, e basta.
Indigente o animal que sai nu no olho incentivado pelo escuro a ofegar abundancia na palavra dita em voz baixa.
Luísa Demétrio Raposo
In AMMAIA
sábado, 27 de dezembro de 2014
quarta-feira, 24 de dezembro de 2014
a ILHA
“A elipse prenuncia o outro lado, o sol, a beleza em braços abertos, entre o esperar sombra a aldeia o fisco, os pólenes pinta de entres a cal que em Junho regressa para a alamar as paredes. O movimento enconca-se sobre o espaço maternal, o regresso ao berço que embarca o quarto ao dia em que o meu idioma desapareceu.
A casa.
Aqui a saudade é a ruína de um hemisfério, a vertigem catártica, um ritual anterior prisioneiro ao meu corpo, no agora. Dorindo a viagem, acabo de desconstruir o lugar de onde me deixei.
Acendo o cigarro rizomaticamente.
A tarde continua a ser a fenda entre a reconquista das origens. Os meus olhos. Volto a mim, no cheiro silvo da noite. O grito nórico na terra onde prisioneira embate a papoila, essa essência vermelha onde as minhas palavras se dinamitam. Eu, hei-de relembrar dos campos nos horários mais abatidos, o regresso ao trabalho-cidade.
Ao fundo da rua, a euforia de umas mãos enrugadas que se estendem para construir embates e destruir o abismo do tempo, esse lugar espeço onde plenitude é uma espécie de linfa interminável. Refugio-me no fluxo encantatório do negro alcatrão que recorta e reconhece a entradas de todas as casas, devassando-me de entre uma dramática ausência.
O grito varzino do ar puro por onde os gatos anaçam. A essência alça o caminhar, e o rosto dói no rastro da boca que ao mesmo tempo reordena a alegria, o astro, o coração que duplica a voz dos outros, dos que estão além da contradança da pele e que minusculamente me fazem companhia saudando-me. É tarde, estou cansada, as alegrias apesar de abertas continuam em silêncio. Os cães passam por mim e sem julgamento, sentem o meu alvoroço, o lugar estrangeiro que reconhecem pela brisa que os destelha por instantes.
Acaba-se o tabaco, o vício corrói e devolve-me a imagem em que eu fumava dentro da adolescência superpovoada de fascínios, campos e de noites portadoras dos amplexos gracejos, onde eu era um pequeno pássaro furtivo e voava incessantemente pela planície esplendorosa onde guardo ainda hoje as minhas mais secretas inconfidências.
Hoje sou a águia nas tonalidades de todo um entardecer na estalada dos muros que murmuram entre áulicos dias.
Os astros, áspides, as raízes todas e as estrelas o útero onde planam e reatam as encruzilhadas narrativas, o céu ortográfico que cai do papel para submergir nas ruas desertas.
O vento soa sobre os tragos do vinho que inevitavelmente sove os arreios no copo.
Gera-se um instante soberano, o regresso da memória aonde destinto as parábolas e as falésias ilesas do Alentejo.”
Luísa Demétrio Raposo
* pequeno excerto do meu primeiro romance " ILHA"
foto Maxim Vakhovskiy
A casa.
Aqui a saudade é a ruína de um hemisfério, a vertigem catártica, um ritual anterior prisioneiro ao meu corpo, no agora. Dorindo a viagem, acabo de desconstruir o lugar de onde me deixei.
Acendo o cigarro rizomaticamente.
A tarde continua a ser a fenda entre a reconquista das origens. Os meus olhos. Volto a mim, no cheiro silvo da noite. O grito nórico na terra onde prisioneira embate a papoila, essa essência vermelha onde as minhas palavras se dinamitam. Eu, hei-de relembrar dos campos nos horários mais abatidos, o regresso ao trabalho-cidade.
Ao fundo da rua, a euforia de umas mãos enrugadas que se estendem para construir embates e destruir o abismo do tempo, esse lugar espeço onde plenitude é uma espécie de linfa interminável. Refugio-me no fluxo encantatório do negro alcatrão que recorta e reconhece a entradas de todas as casas, devassando-me de entre uma dramática ausência.
O grito varzino do ar puro por onde os gatos anaçam. A essência alça o caminhar, e o rosto dói no rastro da boca que ao mesmo tempo reordena a alegria, o astro, o coração que duplica a voz dos outros, dos que estão além da contradança da pele e que minusculamente me fazem companhia saudando-me. É tarde, estou cansada, as alegrias apesar de abertas continuam em silêncio. Os cães passam por mim e sem julgamento, sentem o meu alvoroço, o lugar estrangeiro que reconhecem pela brisa que os destelha por instantes.
Acaba-se o tabaco, o vício corrói e devolve-me a imagem em que eu fumava dentro da adolescência superpovoada de fascínios, campos e de noites portadoras dos amplexos gracejos, onde eu era um pequeno pássaro furtivo e voava incessantemente pela planície esplendorosa onde guardo ainda hoje as minhas mais secretas inconfidências.
Hoje sou a águia nas tonalidades de todo um entardecer na estalada dos muros que murmuram entre áulicos dias.
Os astros, áspides, as raízes todas e as estrelas o útero onde planam e reatam as encruzilhadas narrativas, o céu ortográfico que cai do papel para submergir nas ruas desertas.
O vento soa sobre os tragos do vinho que inevitavelmente sove os arreios no copo.
Gera-se um instante soberano, o regresso da memória aonde destinto as parábolas e as falésias ilesas do Alentejo.”
Luísa Demétrio Raposo
* pequeno excerto do meu primeiro romance " ILHA"
foto Maxim Vakhovskiy
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Luisa Demétrio Raposo - Textos
quarta-feira, 17 de dezembro de 2014
A boca fermenta e deflagra vícios, curvilínea arde em milhões de instrumentos e mistura frases desembestadas entre as forcas da carne em apoteose.
Oral o coito a tempestade que o cio indecoroso semeia na erotização e eu a meio no risco violento do sangue em bosque a possuir mundo, ao transbordar o dar à crosta e pertencer por inteiro á viga garganta abaixo, à vulva onde nada principio entre os improvisos do sémen que sai e só e morto.
Luísa Demétrio Raposo
* in AMMAIA
Oral o coito a tempestade que o cio indecoroso semeia na erotização e eu a meio no risco violento do sangue em bosque a possuir mundo, ao transbordar o dar à crosta e pertencer por inteiro á viga garganta abaixo, à vulva onde nada principio entre os improvisos do sémen que sai e só e morto.
Luísa Demétrio Raposo
* in AMMAIA
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Luisa Demétrio Raposo / Poesias Eróticas
Silo
Infernal aparição odorífera a palavra que
chega através do céu em liquefacção.
Duas bocas um
triangulo pélvico manipula poemas por entre
a rua mais deliquescente o lado indecifrável a carne aquando desordenada inunda
infindavelmente a atmosfera onde o negro desértico molha da raiz à flor da
gruta na velocidade curva do êxtase.Luísa Demétrio Raposo
* in AMMAIA
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Luisa Demétrio Raposo / Poesias Eróticas
sexta-feira, 12 de dezembro de 2014
Crucifige
O urinar
Ímpio no sulco traiu mutilando o amplo
sifilítico que anódina busca-o aumentando a sua pária em carne. O desalinho muscula
a vermelho range engate e expande-se à estridência do sangue que enforca o
gemer e ardina poça a despenha-se entre as pernas sob o fluido subterrâneo equivalente
alquebrado sémen. Luísa Demétrio Raposo
* do livro AMMAIA
* foto Frantisek Drtikol
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terça-feira, 9 de dezembro de 2014
Entalhe rê
Indeterminável labirinto
e sangue pulsional fundem o itinerário cíclico, a fusão.
Apavorantes artérias as interrogações que o sal multiplica
na simultânea indizível à meteorização do de leite desertam. À cratera
mergulham intangíveis raízes à profundidade de um enigma. Hegemonia pixa alavanca
ilha e coarctado espigão a nascente de babas que travessa a voz e todo o
refluxo extrai.O eclipse brecha mina o inominável interior à noite em debrum. Sonâmbulo cio o alimenta tanto como soe nome e todas as heracleias que florescem na abrevia dos matos. A flórula e todo um nicto ama.
Luísa Demétrio Raposo
* do livro Ammaia
* foto Hans Bellmer
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Luisa Demétrio Raposo / Poesias Eróticas
Sempiterno
Anais em carvão, apara o incesto geográfico, destruir atmosfera. Da amofinação do corpo só vejo ravinas, o incensário. O escalpe da tinta gira no enxofre. A órbita grávida de universos, onda que destrói e me corta aos pedaços nas frases que empurram os eixos e no orifício escrevem cadafalsos impalpáveis entre os.
Na cabeça rajada a cima o sexo onde incorruptiveis as ferramentas salivam e há uma marinhagem na parte de trás.
A lavoura pubiana a ignição de todos os centímetros que partem à boleia de excrementos entre os patamares, pontes que focam as fossas e estimulam a rouquidão dos lugares arquivos.
Sombra o hifene escreve a carlinga clareia-se em volta da folha de papel e eu bassula existo em cada frase na queima abrupta a vulnera idade de cada palavra que se inscreve e abriga aos poucos uma grande rotunda.
Luisa Demétrio Raposo
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sexta-feira, 5 de dezembro de 2014
Todos os meus sonhos são filhos de sombras num preto frontispício e quanto mais a combustão me empurra mais se escorcha o preto em todos os lascados caudais.
O reflexo de cor transmuda de uma engenharia que o cérebro acrisola, a sedimentação é tudo o que se alcança.
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Luisa Demétrio Raposo / Poesias Eróticas
Ao fundo do eclodir existe a geografia encostada à página inteira, na profundidade da escrita em que principia a violação frenética da circularidade descontínua que sou, a desvinculação sexual do fogo volátil, uma marinhagem invisível onde o cio se desmorona e onde as pulsações fervem e ceifam em cada som a silaba. Aberta num cais.
Luisa Demétrio Raposo
Luisa Demétrio Raposo
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quarta-feira, 19 de novembro de 2014
Um coração é terrivelmente cru entre os nós da carne,
pulsante e repulsando um abismo animal, o escuro revolucionário que incha sobre
a risca do sangue execrado. Alcarsina, mão viúva que afunda o decurso violento
em caligrafia e narra pela página um regato e o pendura e eu só mato.
O ímpio
atrai-me na revolta mutilando o uivo sifilítico que anódina busca-o aumentando
o seu volume na carne.
Do ferrolho o vermelho range o engate e expande-se ao
céu. A água força o gemer e ardina poça despenha-se entre as pernas sob o texto alquebrado.
Luísa Demétrio Raposo
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Luisa Demétrio Raposo / Poesias Eróticas
sábado, 18 de outubro de 2014
A capa do meu novo livro VERMELHO al mojanda, que assinala o equinócio e a celebração do meu 41º aniversário.
É um alimento ofegante para amantes de literatura viva; pulsando...!
Faça a sua encomenda através de livrosdaredil@gmail.com
É um alimento ofegante para amantes de literatura viva; pulsando...!
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Luisa Demétrio Raposo / Poesias Eróticas
quinta-feira, 16 de outubro de 2014
É
preciso lubrificar as aberturas onde se entala poesia sobre cercos minados e
deixar vibrar qualquer tipo de brecha. Deixar as vaginas falar. Ânus,
deixai-vos penetrar.
O alcance é um cotovelo carregado de ossos que
nos atulham os passos. É preciso transpor todos os potentes muros. Governai desorientação
na obscuridade os verbos literários que não passam de cabeças. Desorbitar a escrita.
É necessário sair da acomodação e deixar a Poesia fornicar até que a carne
escreva a contradança de todas as orgias, o sangue geográfico que preenche o
pénis entre as raízes húmidas de entre a vulva que amamenta a escrita.
Luisa Demétrio Raposo
foto Irving Penn, Bottom
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Luisa Demétrio Raposo / Poesias Eróticas
quarta-feira, 1 de outubro de 2014
Bestial a boca fermenta e deflagra vícios. Curvilínea arde em milhões de palavras furiosas e mistura as frases desembestadas entre as forcas da carne em apoteose. Oral o coito a tempestade que o cio indecoroso semeia. A erotização diz a respiração e eu ao meio do risco violento. O sangue em bosque a emergir. Possuir o mundo e transbordar ao dar vida à crosta e pertencer por inteiro aos vigamentos garganta abaixo. A vulva, negra, penitente precipício, nada entre os improvisos, o sémen cai e só é morto.
Luisa Demétrio Raposo
retirado do livro dos contos
Luisa Demétrio Raposo
retirado do livro dos contos
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Luisa Demétrio Raposo / Poesias Eróticas
terça-feira, 30 de setembro de 2014
Ao fundo da calçada a rua estreita-se e dilata. O olhar cadafalso o ritmo admite. A braguilha mão-dentro e o largo a erecção grossa da prosa masturbam violentamente. Entre a pausa o músculo o pénis interdito alastra. O sistema desarruma eriçando a curva e do inferno entorna-se a água.
Luisa Demétrio Raposo
Luisa Demétrio Raposo
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Luisa Demétrio Raposo / Poesias Eróticas
A vulva um poço violento onde nasce libidinosa a escrita e no contorno da carne distendida e escancarada a leitura que a boca desata na imagem, incindindo sobre o sexo infindável e quente onde a língua lateja e escreve sombras até encontrar circunstantes. Fode-se. Bebe-se de entre o lodo que atraca as seivas. Teias sempre abertas.
Ao lume lê-se baixinho, o sentir demorado nas orbitas as coxas. Extrair fogo é uma arte porque a ostra pressente sempre o sal e, somente ela despe ...a língua que pouco a pouco aresta.
Todas as línguas possuem serpentes que no sexo se arrastram ora ligeiras oram suaves e tremem à carne erecta e masturbam a terra. O cuspo coberto de hóstias ou de sémen. Abandonei-me. O orgasmo caiu-me do ventre. A elanguescer.
Na fenda fica fogo, a minha afeição e o incêndio prossegue com o texto. O coração perde-se lá do alto no momento da micção. A narrativa atinge-o como um carrasco e na sua base desapareci. O bombear dá-se ao encontrão.
Aberta a porta e nos ruídos saem os gritos.
Eu, o ponto vazio. Lentamente.
Ao lume lê-se baixinho, o sentir demorado nas orbitas as coxas. Extrair fogo é uma arte porque a ostra pressente sempre o sal e, somente ela despe ...a língua que pouco a pouco aresta.
Todas as línguas possuem serpentes que no sexo se arrastram ora ligeiras oram suaves e tremem à carne erecta e masturbam a terra. O cuspo coberto de hóstias ou de sémen. Abandonei-me. O orgasmo caiu-me do ventre. A elanguescer.
Na fenda fica fogo, a minha afeição e o incêndio prossegue com o texto. O coração perde-se lá do alto no momento da micção. A narrativa atinge-o como um carrasco e na sua base desapareci. O bombear dá-se ao encontrão.
Aberta a porta e nos ruídos saem os gritos.
Eu, o ponto vazio. Lentamente.
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Luisa Demétrio Raposo / Poesias Eróticas
segunda-feira, 29 de setembro de 2014
incêndio a intempérie a violência que transforma em
margens o cemitério que me habita e onde somente o eu-deserto ressuscita. o grito
a língua contínua mata quebra e extermina. a tempestade ascende ignóbil
na demência o ser o ter e o sido embrulham-se-me. afloração monstruosa vem dum raio fundamente. Sol a violação o sangue em composição longa e larga
na decifração e faz a carne obesidade grossa de um defecar inominável. ergue e estanca o só finito.
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Luisa Demétrio Raposo / Poesias Eróticas
terça-feira, 23 de setembro de 2014
a geometria do meu reflexo devorando o negro que a mão escreve. vivo. mas não sei escrever. reflexo de calor húmido. o rasgar na lama abominavelmente bebe. crescente a maré solta penetra todos os lugares em gritaria.
Luisa Demétrio Raposo
a sentir-me incompleta.
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Luisa Demétrio Raposo / Poesias Eróticas
domingo, 14 de setembro de 2014
"mais ousadia e menos consciência. a consciência é a gaiola que nos aprisiona os sentidos e condiciona o acto de criar algo, e quem não ousa habita uma frustração ilimitada."
Luísa Demétrio Raposo
Luísa Demétrio Raposo
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Luisa Demétrio Raposo / Poesias Eróticas
domingo, 7 de setembro de 2014
a tinta
ao fundo do coração uma rua invulgar prosa o escuro e o que sou bombardeia violentamente a escuridão repleta.
queima o lume a boca que na escrita rasga come furtivamente une e destila a palavra obscena. poesia. quando penetro a carne e cuja saída não passa de uma exaltação igual à minha.
na cabeça funda a obscenidade, escrever ora e sem o saber continuar a gozar de mão segura.
Luísa Demétrio Raposo queima o lume a boca que na escrita rasga come furtivamente une e destila a palavra obscena. poesia. quando penetro a carne e cuja saída não passa de uma exaltação igual à minha.
na cabeça funda a obscenidade, escrever ora e sem o saber continuar a gozar de mão segura.
*Human heart by Arnold Hohmann
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Luisa Demétrio Raposo / Poesias Eróticas
segunda-feira, 1 de setembro de 2014
o corpo cadáver é o que me separa de tudo no mundo. é o circuito fechado do perverso que me separa nos outros, sempre, sempre. a perspectiva enforca e no barulho não há nada pior que ter que ser antes de escrever. o suor delineado do sangue a escorrer, ilustre. é a morte de todos os esforços e de todas as gritarias nos lugares onde a minha calma cedeu e partilhou dela. a aflição que sempre acabava por me descontrolar os lábios, exibia-se muito e por isso pus-lhe uma mordaça. delirava puerilmente deixando-me arrastar pelo pavor de todos os horrores que estão vivos e são de origem orgânica e humana que dilaceram e se apossam nos delírios causando maleitas e outros tantos estados febris. ainda a convenção intolerável feita de contas e números.
caí no abandono das faculdades mentais, já não temo a morte neste momento e nem vou falar de infelicidade quando me precede o vício em escrever palavras, erectas, ausentes e sem universo entre o papel e a tinta atenta que chama a atenção obscena. o deboche inverso descreve. não temo a hostilidade do lume nem ferir-me no fogo e na cabeça que um dia já foi minha, entrei. a exaltação igual a mim, reflexo de um inferno infindável e eu à altura do que tanto me oprimia. escolhi arder, escrever, a ter que voltar ao mundo enorme. (...)
Luisa Demétrio Raposo
* retirado do livro dos contos
caí no abandono das faculdades mentais, já não temo a morte neste momento e nem vou falar de infelicidade quando me precede o vício em escrever palavras, erectas, ausentes e sem universo entre o papel e a tinta atenta que chama a atenção obscena. o deboche inverso descreve. não temo a hostilidade do lume nem ferir-me no fogo e na cabeça que um dia já foi minha, entrei. a exaltação igual a mim, reflexo de um inferno infindável e eu à altura do que tanto me oprimia. escolhi arder, escrever, a ter que voltar ao mundo enorme. (...)
Luisa Demétrio Raposo
* retirado do livro dos contos
sexta-feira, 29 de agosto de 2014
escrever as coisas bonitas é um atentado. orar desinteressa-me. iminências, quero a língua toda aberta e ver os mil homens que nela imprensam as conveniências. vómitos.
o após vomitar;
existem fomes maiores num caralho e que o organismo alheio consome. foder o fel manso; a fórmula mais básica. a compulsão cria em si o acto. transcende. ritmo não é conveniência, está muita além. há a energia que sai nas ginetas para os genitais. fora disso é o maior crime. ...
a ordem interna; narração. carne é a única linguagem que rompe. o que a boca fala é um som violento que alastra, a armadilha selvagem das cordas vocais.
há vaginas não que passam de bexigas, só mijam. invejosas; abre indo-vos à largura, comei tudo comeis todos que eu sou totalmente de acordo com a copulação. não fodam é a cabeça aos outros. tu aí entre os comuns, que tocas os teus olhos nos vitrais do que escrevo, não percais tempo, ide antes ao talho e unis a boca à carne. enche-te e preenche-te. alimenta, a masturbação sempre pôs tudo a luzir. despenha-te antes da dissolução, o sal entre as águas potência afectos. urinai, urinai.
Nota: falar antes de defecar pode ser considerado perversão.
Luísa Demétrio Raposo
o após vomitar;
existem fomes maiores num caralho e que o organismo alheio consome. foder o fel manso; a fórmula mais básica. a compulsão cria em si o acto. transcende. ritmo não é conveniência, está muita além. há a energia que sai nas ginetas para os genitais. fora disso é o maior crime. ...
a ordem interna; narração. carne é a única linguagem que rompe. o que a boca fala é um som violento que alastra, a armadilha selvagem das cordas vocais.
há vaginas não que passam de bexigas, só mijam. invejosas; abre indo-vos à largura, comei tudo comeis todos que eu sou totalmente de acordo com a copulação. não fodam é a cabeça aos outros. tu aí entre os comuns, que tocas os teus olhos nos vitrais do que escrevo, não percais tempo, ide antes ao talho e unis a boca à carne. enche-te e preenche-te. alimenta, a masturbação sempre pôs tudo a luzir. despenha-te antes da dissolução, o sal entre as águas potência afectos. urinai, urinai.
Nota: falar antes de defecar pode ser considerado perversão.
Luísa Demétrio Raposo
o extremo é um excremento em libertação, orquestra e desforra-se num peido em sacrário que eu ofereço às libertações barrigudas que menagem o incomensurável sem cu que em combustão arde, arde, e não.
Luisa Demétrio Raposo
Luisa Demétrio Raposo
ao fundo do coração uma rua invulgar prosa o escuro e o que sou bombardeia violentamente a escuridão repleta.
queima o lume a boca que na escrita rasga come furtivamente une e destila a palavra obscena. poesia. quando penetro a carne e cuja saída não passa de uma exaltação igual à minha.
na cabeça funda a obscenidade, escrever ora e sem o saber continuar a gozar de mão segura.
Luisa Demétrio Raposo
queima o lume a boca que na escrita rasga come furtivamente une e destila a palavra obscena. poesia. quando penetro a carne e cuja saída não passa de uma exaltação igual à minha.
na cabeça funda a obscenidade, escrever ora e sem o saber continuar a gozar de mão segura.
Luisa Demétrio Raposo
terça-feira, 12 de agosto de 2014
um inferno é o que separa-me do mundo. é um demónio que rasga-me nos outros, sempre, sempre.
a natureza esbraceja e no barulho não há nada pior que ter que ser antes de escrever.
o corpo, ausência, sem universo entre o papel e a tinta atenta que chama a atenção obscenamente larga.
não temo o lume nem arder no fogo agonizante das labaredas, escrevo o inverso dentre o conflito da carne na arte.
Luisa Demétrio Raposo
a natureza esbraceja e no barulho não há nada pior que ter que ser antes de escrever.
o corpo, ausência, sem universo entre o papel e a tinta atenta que chama a atenção obscenamente larga.
não temo o lume nem arder no fogo agonizante das labaredas, escrevo o inverso dentre o conflito da carne na arte.
Luisa Demétrio Raposo
quarta-feira, 6 de agosto de 2014
terça-feira, 5 de agosto de 2014
a mariposa é uma racha no vício da acidez que bate com a língua na pele perpendicular obliqua fria líquen no balbucio dos ciclos pegajosos de um vil usurpar que incita bebedeiras e onde a fuga é sempre a falésia, o miradouro, a avalanche que se dilata procurando alinhamentos fundos na tempestade labial que a atravessam.
do sol simples orifício, dinumeram-se que as serpentes possuam a língua que golpeia o estreito golpe onde o adverso é um pequeno interior húmido e escuro mas onde as mãos e a mente escorregam. a abertura da palavra é uma pendente madrugada.
Luisa Demétrio Raposo
do sol simples orifício, dinumeram-se que as serpentes possuam a língua que golpeia o estreito golpe onde o adverso é um pequeno interior húmido e escuro mas onde as mãos e a mente escorregam. a abertura da palavra é uma pendente madrugada.
Luisa Demétrio Raposo
domingo, 3 de agosto de 2014
marginais uivos dos pentelhos em erecção quando não veneram movem-se a fim de gladiar. indigente o animal que sai nu no olho incentivado pelo escuro a ofegar abundancia.
Luisa Demétrio Raposo
Luisa Demétrio Raposo
sábado, 2 de agosto de 2014
a noite é um curso comprido que remexe os porões mais profundos onde posso imaginar a desordem em que tudo termina e em tudo recomeça do foder à forma que inclina o enfrentar da numeral e aterradora invasão epistolar…
e já que fica tão longe a anarquia e nada mais me pode salvar, urinemos.
Luisa Demétrio Raposo
e já que fica tão longe a anarquia e nada mais me pode salvar, urinemos.
Luisa Demétrio Raposo
gosto de poesia quando se processa delinquente pela mão fora sem condições escravas se lê inteira mente quente. leitura ânua onde a língua pronuncia o português entre o fundo e aberto enterrar.
nos livros não gosto de ferimentos florais nem de obediências ternas. a isso, prefiro a corte que morta circula pelas bibliotecas-cadáveres.
Luisa Demétrio Raposo
nos livros não gosto de ferimentos florais nem de obediências ternas. a isso, prefiro a corte que morta circula pelas bibliotecas-cadáveres.
Luisa Demétrio Raposo
o barulho é a violência decorrente. a incursão caligráfica do soar inaudível que me abriga no lado de dentro da oposição inflexível. a violência atrás do meu endereço caça morde come na escuridão a voz. imponente é o corporal público. um falatório folclórico de símios que habitam estas gentes alucinantemente e que me devoram ao longo do correligionário ponto. da cabeça cortaram-me o silêncio e tudo o que me rodeia excremento.
Luisa Demétrio Raposo
Luisa Demétrio Raposo
sexta-feira, 1 de agosto de 2014
Eu quero.
Quero um deserto de espessura longa. O calor que provoca fogos e tudo o que se engole no gole do lume e que cresce na minha flor interior, onde as sementes são rugosas e os veios incham o sumo que escorre pela língua ao fundo de entre o lodo, na vulva, a mata sinuosa onde sexos consomem baixinho no flutuar imutável da espiral.
Luisa Demétrio Raposo
Quero um deserto de espessura longa. O calor que provoca fogos e tudo o que se engole no gole do lume e que cresce na minha flor interior, onde as sementes são rugosas e os veios incham o sumo que escorre pela língua ao fundo de entre o lodo, na vulva, a mata sinuosa onde sexos consomem baixinho no flutuar imutável da espiral.
Luisa Demétrio Raposo
terça-feira, 29 de julho de 2014
estou só e exilada no meu sentir, só. inerte a violência emaranhada. o sentir mortífero. a destilação escarlate o monologo onde os meus partos anárquicos suturam atmosferas estuantes.
o terror irresoluto. desespero na massa que engole e reúne alcateias para em mim libertar tempestades.
escuto-me em circunvalação, a voz tecla. o hálito vertical.
da prática alimenta-se o esfíncter, linha-de-sal.Luisa Demétrio Raposo
foto Joel Peter Witkin
A sílaba dízima
medra entre o escuro que dá e recebe sexo no charco onde pulsa o órgão-poema
o fogo abrasa-mo entre o orgasmo que pedala revolucionário e incestuoso.
Luisa Demétrio Raposo
* pensamento do dia
medra entre o escuro que dá e recebe sexo no charco onde pulsa o órgão-poema
o fogo abrasa-mo entre o orgasmo que pedala revolucionário e incestuoso.
Luisa Demétrio Raposo
* pensamento do dia
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Luisa Demétrio Raposo / Poesias Eróticas
segunda-feira, 28 de julho de 2014
pensamento do dia
na escrita não existe o paraíso e se existe é porque o texto não é poesia.
a poesia é um inferno interno. o poeta a droga que o alimenta. dentro, na leitura de cada leitor habita um carrasco. as leituras são a carnificina que a degolam, quanto mais um poeta é lido mais rapidamente morre e é esquecido.
a literatura é uma arte violenta, morre-se demasiado.
a poesia é um inferno interno. o poeta a droga que o alimenta. dentro, na leitura de cada leitor habita um carrasco. as leituras são a carnificina que a degolam, quanto mais um poeta é lido mais rapidamente morre e é esquecido.
a literatura é uma arte violenta, morre-se demasiado.
segunda-feira, 21 de julho de 2014
"o arco deixa em ponto um vermelho solto e este grita-se pelo risco consanguíneo
a ribeira a haste rasga
os lábios o montem em rítmicas florações maduras a horizonte pelo espaço fluido onde a língua-borboleta volteja incessantemente plácida curta e afã
entra estaca a fissura um sítio demasiado sito a rotação convulsa em relevos que percorrem definitivos os da mão afogada onde o latex experimenta vivo o escuro e explode meta fora"
Luisa Demétrio Raposo
in Ammaia
a ribeira a haste rasga
os lábios o montem em rítmicas florações maduras a horizonte pelo espaço fluido onde a língua-borboleta volteja incessantemente plácida curta e afã
entra estaca a fissura um sítio demasiado sito a rotação convulsa em relevos que percorrem definitivos os da mão afogada onde o latex experimenta vivo o escuro e explode meta fora"
Luisa Demétrio Raposo
in Ammaia
[ela]
no ópio que prolifera
entre áridos ares e eriçadas os corpos crus rasgam-se em massas. faz-se a separação
dentro do céu denso; sangue e lugares, entre os genitais se unificam para
despedaçarem-se em violentos lumes encharcando os órgãos vivos em químicos que se
devoram completos e duros até ao núcleo, na respiração que ardentemente brota dum
cume inchado da carne.Luisa Demétrio Raposo
O granito, afogou-se nos estilhaços, nos olhos descalços, nas cavidades paradas do meu rosto, no enclave de um infinito desgosto, na morte, aquela que eu nunca falo à noite, mas que me habita ferozmente grande.
do meu livro " Amala Ammaia"
Luisa Demétrio Raposo
do meu livro " Amala Ammaia"
Luisa Demétrio Raposo
(ele)
a sede é um seio em plena ferragem. o beber interminável, articulando o desembarcar, entre, entra para se consagrar hipnotizador, na ponta o som mergulha um espaço negro onde o pénis em cauda descalça o som incessantemente da metáfora em liberdade.
Luisa Demétrio Raposo
a sede é um seio em plena ferragem. o beber interminável, articulando o desembarcar, entre, entra para se consagrar hipnotizador, na ponta o som mergulha um espaço negro onde o pénis em cauda descalça o som incessantemente da metáfora em liberdade.
Luisa Demétrio Raposo
sábado, 19 de julho de 2014
"a brasa o espaço a visão e a sua execução atravessam a carne para alamar a escrita.
desapareço afogada no céu ortográfico. é inútil escrever sob o sexo e sob os arredores porque o engate semeia-se a estibordo a desaguar os fluidos-sémen;a grande nau, o prepúcio lambe a caligrafia impedido o afastar as raízes e na boca queimando-me todas as direcções, um pénis cai do papel para submergir ruas inteiras.
a página sensível à miragem recente do poema, salvar-se-á quem nela se despenhe."
retirado do meu livro "Ammaia"
Luísa Demétrio Raposo Ver mais
desapareço afogada no céu ortográfico. é inútil escrever sob o sexo e sob os arredores porque o engate semeia-se a estibordo a desaguar os fluidos-sémen;a grande nau, o prepúcio lambe a caligrafia impedido o afastar as raízes e na boca queimando-me todas as direcções, um pénis cai do papel para submergir ruas inteiras.
a página sensível à miragem recente do poema, salvar-se-á quem nela se despenhe."
retirado do meu livro "Ammaia"
Luísa Demétrio Raposo Ver mais
quarta-feira, 16 de julho de 2014
o poeta não existe. a poesia que escreveu torna-se orgânica e partiu deixando um defunto sem dó nem piedade.
a alma foi no poema. o poeta fica, morto.
tudo o resto é ego, ilusão.
Luisa Demétrio Raposo
a alma foi no poema. o poeta fica, morto.
tudo o resto é ego, ilusão.
Luisa Demétrio Raposo
"pretexto na carne que está viva entre as sequências húmidas da moita. defecar perturba. um poema aceso simples iodo. o sexo desaperta o sangue. o esfíncter a larga e desintegra-se à sombra soerga. a pauta escarlate aquece a pele os veios que se refalsam de entre a intensa merda que sai tacteando tudo num abuso ânuo."
Luisa Demétrio Raposo
Luisa Demétrio Raposo
(...)Encontro-me na paisagem no caos a escrever um rasto de tinta e a interinidade do lado dextra de dentro da terra onde se erguem os fundos de um sítio e onde se atravessam nus todos os bichos molhados(...)
in "al mojanda"
Luisa Demétrio Raposo
in "al mojanda"
Luisa Demétrio Raposo
(...)Entre a aberta sinto a mão húmida na caligrafia que arguta pela página e que no texto fia. Ardo. Escrevendo, no percurso mutilado da estratosfera dum sexo navegante. Junto ao círculo as labaredas animais exterminam e contaminam o fruto aumentando o seu volume em carne. O engate expande-se ao céu-da-boca. A água, ardina poça despenha-se entre as pernas sob o texto em liberdade.
Uma réplica cintila fértil(...)
do meu livro "al mojanda"Luisa Demétrio Raposo
Uma réplica cintila fértil(...)
do meu livro "al mojanda"Luisa Demétrio Raposo
terça-feira, 15 de julho de 2014
quarta-feira, 9 de julho de 2014
sangue
molde grotesco o latejar dos becos a carne o pátio de entre brechas onde a noite rama avenidas e o prolongamento das hastes orgânicas gera tumultos
sangues
uma ficha irrigada que absorve e alimenta-se de todas as narrativas que esbracejam
a
poesia em regatos perifericamente amplos largos e que esboçam nos orifícios a corrente exilada a meio das artérias e que se defrontam em redemoinho...s escoriados de um entalar
vaselina
o subsolo esculpe a instantaneidade o sangue em caos e é a funda por onde oscila o imbuído sexo de entre os milhares de devires à confluência vermelha dos ribeiros em intervenção
Luisa Demétrio Raposo
molde grotesco o latejar dos becos a carne o pátio de entre brechas onde a noite rama avenidas e o prolongamento das hastes orgânicas gera tumultos
sangues
uma ficha irrigada que absorve e alimenta-se de todas as narrativas que esbracejam
a
poesia em regatos perifericamente amplos largos e que esboçam nos orifícios a corrente exilada a meio das artérias e que se defrontam em redemoinho...s escoriados de um entalar
vaselina
o subsolo esculpe a instantaneidade o sangue em caos e é a funda por onde oscila o imbuído sexo de entre os milhares de devires à confluência vermelha dos ribeiros em intervenção
Luisa Demétrio Raposo
"à procura de um deus sobre o papel
a boca incindido sobre o sexo infindável e quente onde a língua escreve sombras"
Luisa Demétrio Raposo
a boca incindido sobre o sexo infindável e quente onde a língua escreve sombras"
Luisa Demétrio Raposo
segunda-feira, 7 de julho de 2014
pensamento do dia
“sinto-me uma ilha, rodeada de divisão. um maremoto onde se afundam os cais de todos os barcos que tentam atracar”
Luisa Demétrio Raposo
Luisa Demétrio Raposo
dia
“a sede mortalha nexo ao fogo povoando-me de terramotos. sol, a erecção o buraco assimétrico do corpo atrás da carne o dia entre o sangue flecha ânua, estrangula ou degola os poros onde afloram os sentidos e a escuridão viva que perfura a fossa, pulmão.”
Luisa Demétrio Raposo
Luisa Demétrio Raposo
quinta-feira, 19 de junho de 2014
sábado, 7 de junho de 2014
"o meu coração é um lugar absoluto onde o sangue treme e se funde com o desconhecido. fogo abrasa-mo. alimenta-se de excessos e tal como num deserto o poema fere de orbita em orbita as margens cruas da carne que soluça muda rota."
Luisa Demétrio Raposo
in Junho 2014
* à minha mãe, eternamente.
Luisa Demétrio Raposo
in Junho 2014
* à minha mãe, eternamente.
quinta-feira, 5 de junho de 2014
*
O disparo contorce-se cheio de tenacidade acima do respirar
vertiginoso, dentre a braguilha onde existe um advertir alto, aberto á força da
minha alargada geografia segadora, a musselina…
Ao fundo da saia a largada sensível alcança a tua voz, a mesma
que convida, suspirante, e abraça-me entre as agudas labaredas que latejam, latejam,
entre a folhagem que se desata.
As tuas mãos são aqueles dois animais em fuga, pelo torno do
meu corpo em turbulência, a viagem vírgula que calcorreia todas as
desembocaduras na profundez que em redor do sexo acariciam a risca inquieta,
tão deliciosamente.
A tua boca o equinócio que sustenta a minha no corrimento
infernal das línguas libidinosas suturando obliquamente o íman que ambas
possuem.
O cabelo, mais acima
do cenário, arfando, completamente aborígene, onde os teus dedos se despenham e
amplificam…
sexta-feira, 23 de maio de 2014
segunda-feira, 19 de maio de 2014
sobre o universo livro
"A escrita é um sexo, os órgãos a palavra. Em cada extensão um outro leitor, um outro sexo fodendo tudo em ilimitadas orgíacas interpretações fêmeas e másculas.
Os livros são ejaculações na infinidade da leitura húmida que precipita mergulhos e saltos e o sémen enlameia-nos as passagens onde as imagens devoram todos os becos, um coito de brecha em brecha onde todos os pénis carnificam a leitura e a fodem, compulsivamente.
A leitura a Deusa, um orgasmo onde tudo circula dentro de um batimento forte que abrasa, pulsa e repulsa. Um tesão.
Fora disto todo o poema ou texto ou é sonambulismo ou uma merda."
Luisa Demétrio Raposo
Os livros são ejaculações na infinidade da leitura húmida que precipita mergulhos e saltos e o sémen enlameia-nos as passagens onde as imagens devoram todos os becos, um coito de brecha em brecha onde todos os pénis carnificam a leitura e a fodem, compulsivamente.
A leitura a Deusa, um orgasmo onde tudo circula dentro de um batimento forte que abrasa, pulsa e repulsa. Um tesão.
Fora disto todo o poema ou texto ou é sonambulismo ou uma merda."
Luisa Demétrio Raposo
sexta-feira, 11 de abril de 2014
in al mojanda
Arde a região e a música é uma bala ferrando os lábios, soldando o meu corpo minado, devorando a escuridão em mim outrora morta. O sangue luminoso, pulsando entre as estrelas.
A boca, acesa, o húmido arpão, o resfolgar da água indomável à velocidade das beiras que lá fora gritam.
Sou a única personagem desarrumada. Escrevo o vento o lodo e à saída da mata o broche na boca aberta rebenta a humidade no pânico da cal, ancora, entaipado debaixo da muralha.
A poesia irrompe da submersa pólvora que salga e dilata os desertos embates que no meio das mãos rasgam traços e os linhos tímidos das vergônteas a preto e branco que na penumbra perfuram a originalidade vulva.
Luísa Demétrio Raposo
A boca, acesa, o húmido arpão, o resfolgar da água indomável à velocidade das beiras que lá fora gritam.
Sou a única personagem desarrumada. Escrevo o vento o lodo e à saída da mata o broche na boca aberta rebenta a humidade no pânico da cal, ancora, entaipado debaixo da muralha.
A poesia irrompe da submersa pólvora que salga e dilata os desertos embates que no meio das mãos rasgam traços e os linhos tímidos das vergônteas a preto e branco que na penumbra perfuram a originalidade vulva.
Luísa Demétrio Raposo
sexta-feira, 21 de março de 2014
subúrbios
A dor é o útero por onde a minha carne sangra, é sobretudo o vício de escrever em lume aberto onde a rua se perde até à raiz.
Na escrita abro-me aos dias humedeço a noite e às vezes o escuro.
Luísa Demétrio Raposo
* foto de Paul Cava 2001
quinta-feira, 20 de março de 2014
do meu livro "al mojanda"
"A carne, uma ilha, o sangue do outro lado nómada anaça nas margens desoladas. O corpo, cais reflectido e nele pernoitarei mais uma noite deixando-me cair. A essência da selva o odor inquietante na terra molhada onde o musgo é denso e forte e ouvem-se excitada as águas que albergam o mar em toda a órbita do sal."
terça-feira, 18 de março de 2014
III
Escrever
tornou-se um acto felino.
Luísa Demétrio Raposo
Arde a tinta brava no interior na cal a riscada dá
água a beber aos dedos mornos, que preparam quedas entre dois lençóis que miam.
O ruído albergando-se nos inúmeros teoremas mentais que alcançam a orgia
clarinada entre os acabramemos e a resistência térrea do desejo. A seiva prenha
de vida.
Duas bocas
um único labirinto; no fora para dentro; o angulo escuro amaga.
Perscruto
aberto. Intacto o fogo onde a pele salga o desassossego voo.
Resvalam os nervos curvilíneos incorporados
nos socalcos. A boca acorda a outra boca e apalpam-se nas paredes os segredos que
gemem e apalpam a ansiedade desabrochando no sexo que lhe mete o fogo
indefinidamente no enroscar das línguas presas pelo cio, puxadas pelo tesão que
rasga e gira ciclicamente em espiral.
in " al mojanda"
Luísa Demétrio Raposo
sexta-feira, 14 de março de 2014
II
Toda a escrita é sexo, o orgasmo transparece nas palavras. Em cada leito, um outro leitor, um outro sexo fodendo todos limites em orgíacas interpretações.
Os livros não passa de ejaculações na infinidade das leituras húmidas e que precipitam mergulhos e saltos que enlouquecem nas suas passagens,
e onde as imagens devoram todos o becos e onde todos os desenfreados tinteiros carnificam a boca e a fodem.
Não existe Deus sem tesão nem orgasmo sem degolar a carne e todos os suspiros de uma fronteira secreta, pulsando em brasa e atesando o casulo em cada batimento forte.
Fora disto, tudo o resto é sonambulismo ou uma merda.
Luísa Demétrio Raposo *a propósito do dia da poesia, hoje, 14 de Março de 2014
quinta-feira, 13 de março de 2014
I
O corpo é o instrumento encerrado na palavra. Nas deslumbradas estações á beira cio onde o sexo, o meu grande sonhador existe
Luisa Demétrio Raposo
Luisa Demétrio Raposo
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