segunda-feira, 28 de setembro de 2020


 Eu falo. E o meu falo é maiúsculo. Desordeiro. E está sempre nu da cintura para baixo. Aguentar, porque estou só e porque é avermelhado e é de carne. E insisto na erupção. O braço narra sem custos. A cor profunda nos buracos. O fósforo. O aroma da terra torrada, deserta, pronta a encher. Do poema saí-me o útero. A boca bem aberta. Dois buracos sem nome e na mistura de ambos, estica-se o passageiro em espera. Da obscenidade ao realismo, apertar. É achar-me, sentir.

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