quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Naifa & Epílogo em Vénus



A vagina rasga-se porque tem um espelho dentro. Cortante e a dilatação dos dias aos quais eu estremeço. Arde a região e a musica é uma bala de poro em poro ferrando os lábios, soldando o  meu corpo minado e matando a escuridão em mim outrora morta. O  sangue luminoso, pulsando entre as estrelas e os dois menbros que cravados vou recebendo. Um pénis giratório, um coração cheio, um pedregulho, estanque na vertingem de um espasmo  que juntamente esmaga a massa e retira ao ar um rasgão; duplamente sou devorada por palavras  rapidissímas, selvagens e desabrochadas. Martelos de pedra, que desentranham em mim uma vontade alta, embocaduras, silêncios das traqueias ateiam o centro e os ascendentes de todas as tempestades prematuras.

 Se rasga o ânus sobre a esférula de quem em mim grita, sucessivo e atinge um auge e ainda outras coisas maiores.

 Por detrás se reviram  gestos e o espanto recamado atinge o ímpeto e outras massas maiores, de vida lenta, explodem. Sente-se a dor dispersa e um se lugar estabelece

 Fecundo na sua crua clandestinidade.

 o barro violento de um amanhecer, irrompendo  auroras que nos dois incandescentes  tumulos absorvem e me apertam até ao bater  dos pulmões, onde a noite colocou um degrau  e o golpe que ainda freme numa outra imagem muito mais  larga, central de um ferro em brasa entre as persinanas das costas  e que se  vai contorcendo  á minha volta, no desenvolvimento que trespassa a trasladação do abismo túmido. Tranco. Tranco-os entre as mandibulas erogenas e submissas dos leitos.  Cabelos  sentados em migrações arborizam e  avassalam-se  pelo louco sangue, um  vermelho incêndio talhado entre as duas águas concorrentes, furiosas onde a animalidade me encharca entre os fintos poema liricos derramando  derramados.

Sou, então um lugar carregado. e um mar entremeia-me do escuro através dos seus dois olhos brancos que entre as temperaturas fluxas das seivas. se Inclinam. Nada pára pára nada tudo se rima e  os astros fornicantes se afastam porque o sal se faz raiar fundo.

Não espero mais nada, somente a  escrita a um imaginar fiado. Não espero equinocio ou solstício mas sim o perfume de um vinho que fermenta dentro de mim, vagaroso entre meus dois  (di)amantes.

 Luisa Demétrio Raposo
in Cassiopeia e o Jardim Separado/ a editar

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