segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Visões da PoetisaIII




O Astro na noite persegue, a Aurora num galope pelas mil ventas tremulas, incomparaveis...

Porque te quero. Quando te acaricio, na carne mutua de ambos, onde me sinto acariciada, sem me aperceber ao certo se não és tu que nessa mesma carne me acaricias, quando a minha mão pousa em ti, sobre ti ou em mim se pousa uma tua mão, se é que eu distingo, qual a tua, qual é a minha, e em qual de nós se encontra pousada.

O vaivém, constante, das nossas bocas jamais saciadas, e num momento deixa de doer-me quanto me doi quase constantemente a tua ausência...

Cada beijo nosso, é sempre, um beijo novo.

Uma, e outra vez, onde te dou por inteiro, onde me dás por inteiro, a primeira vez que um colhe no outro...

Jamais existiu em nós habituação, que um no outro, se habituasse.

Nus, o desejo permanente na atenuação inicial, que, o ardor sempre traz. A fruir, de perto, e extasiada, a alma, no sorrir de um tudo, o que vem de ti, em mim, no lençol que nos embala e nos mostra, o sorrir, de tudo o que existe de primário no nosso sangue, em que por igual, vivo como tu, numa revoada.

Não é uma união trivial a nossa, somos tão diferentes um do outro, e nos completamos, ao ponto de contigo me fundir. A ti de par em par oferecida, a ti me devassando até á mais recondida intimidade, a minha na tua, e com a lingua fixa amor , o peculiar sabor da minha boca, no teu peito, de mim no teu todo.

Oiço as quatro da madrugada, que caem no silêncio límpido, na superficie lisa do nosso lago, na mais profunda tranquilidade.

Do que pensei, te disse, por palavras, gestos ou no mais famintos olhares, onde te disse, onde te fiz, embebe-te, completamente, indelevelmente, para que quando eu morrer continue viva, e a ser a tua unica eternidade possivel e efectiva, o teu rio sem fim...

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